sábado, 24 de maio de 2014

São João da Barra vai lançar Programa de Saúde do Pescador

O Programa Municipal de Saúde e Segurança do Pescador, que tem a finalidade de melhorar a qualidade de vida da classe pesqueira de São João da Barra, será lançado oficialmente neste sábado, durante o Seminário Estadual de Saúde e Segurança do Pescador, que acontece das 8h às 14h, na sede da Colônia de Pesca Z-2, em Atafona.

“Atendimento médico e odontológico gratuito, além de palestras e debates sobre fatores de risco à saúde dos pescadores são algumas das ações a serem desenvolvidas”, comentou a secretária de Saúde, Denise Esteves, ressaltando que desta forma será disponibilizada atenção integral à saúde do pescador, estimulando a reflexão sobre suas condições de trabalho, que está entre as atividades de maior risco à vida.

A implantação do programa tem o apoio da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Regional, Abastecimento e Pesca (SEDRAP) e da Fundação Instituto de Pesca do Estado do Rio de Janeiro (FIPERJ).

– Os pescadores devem se conscientizar sobre os possíveis problemas de saúde relacionados à atividade. É preciso, ainda, conhecer as medidas de segurança que, sendo tomadas, previnem a grande maioria dos acidentes no trabalho, além de ter acesso a informações sobre as últimas atualizações referentes à legislação trabalhista específica da área – disse o subsecretário de Pesca Eleilton Meireles.

PROGRAMAÇÃO SEMINÁRIO

8h – credenciamento

8h30 – Painel 1 - Apresentação do seminário e do Projeto Acqua Fórum, aspectos sociais e históricos da pesca artesanal no Brasil, com o engenheiro da Fundacentro/CERJ, Antônio Lincoln Colucci

9h – Painel 2 – Riscos ambientais presentes na pesca artesanal, com o higienista da Fundacentro/CERJ, Augusto Barroso. Prevenção de acidentes em embarcações na pesca artesanal, com o engenheiro Flavio Maldonado

10h – Painel 3 – Saúde e Pesca Sustentável no Trabalho da Pesca Artesanal, com a secretária de Saúde de São João da Barra, Denise Esteves

11h – Painel 4 – Seguro Defeso e Legislação Previdenciária com o representante do Ministério do Trabalho e Emprego, Luiz Roberto, e com a representante da gerência executiva do INSS em São João da Barra, Vânia Maria Araújo

12h – Exibição do vídeo “Pesca Artesanal Marítima”, produzido pelo Projeto Acqua Fórum – FUNDACENTRO / MTE,

12h – Lanche

13h – Encerramento com distribuição de kit de saúde e segurança contendo filtro solar, óculos de proteção, capa de chuva, protetor auricular, mochila, camisa, boné, entre outros, além de ato de lançamento do Programa Municipal de Saúde e Segurança do Pescador com presenças de autoridades.


sexta-feira, 23 de maio de 2014

Brasil retira baleia-jubarte da lista de espécies ameaçadas de extinção


O Brasil tirou a baleia-jubarte (Megaptera novaeangliae) da lista de espécies ameaçadas de extinção graças ao aumento da população desses animais no litoral do país, onde cruzam e geram novos filhotes.
A espécie foi reclassificada para "quase ameaçada", status que demanda a continuidade de trabalhos de conservação. A informação será divulgada nesta quinta-feira (22) pelo Ministério do Meio Ambiente.

Segundo o MMA e o Instituto Baleia Jubarte, há quase três décadas existiam entre 500 e 800 animais vivendo apenas na região de Abrolhos, no sul da Bahia – principal concentração dessas baleias. Em 2011, quando foi realizada a última contagem aérea, foram avistados 14 mil animais. Até o próximo censo, previsto para este ano, o número pode saltar para 20 mil.

No país, elas são encontradas na costa do Espírito Santo e Bahia entre julho e novembro, onde permanecem para procriação. De dezembro até junho, seguem para a Antártica, onde se alimentam de krill (invertebrados parecidos com o camarão).

Impacto humano
Com exemplares que podem medir até 16 metros de comprimento e pesar mais de 40 toneladas, as jubartes foram, por muito tempo, alvo da pesca predatória no Brasil.

Sérgio Cipolotti, biólogo e coordenador ambiental do Instituto Baleia Jubarte, explica que o declínio de espécimes começou em meados do século 17, quando eles eram caçados para extração de óleo, usado para abastecer candeeiros, responsáveis pela iluminação nas cidades, e consumo da carne.

Com a queda populacional das jubartes e de outras baleias em todo o planeta, criou-se a Comissão Internacional Baleeira (CIB), que teve entre seus principais resultados a imposição de uma moratória de caça a partir de 1986.

Ugo Versillo, do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), explica que no ano seguinte, em 1987, o Brasil proibiu a caça.

A partir deste momento, foram iniciados trabalhos de conscientização para aumentar o número de exemplares, como a identificação das rotas migratórias, quais eram os perigos que esses animais enfrentavam e outros detalhes importantes para a conservação.

No entanto, segundo Versillo, ainda não há o que comemorar. A reclassificação para o status “quase ameaçada” significa, na visão do técnico do ICMBio, que ainda há perigo.

“Uma das grandes preocupações é a questão da colisão com navios. Como aumentou o número de baleias, pode crescer esse tipo de acidente. Temos que definir estratégias para evitá-los, incluindo o uso de tecnologias”, explica.
Imagem: Fotos & fotos

quinta-feira, 22 de maio de 2014

Petrobras terá de indenizar pescadores em R$ 50 milhões por vazamento na Baía de Guanabara


A Justiça determinou nesta quarta-feira que a Petrobras indenize pescadores afetados pelo vazamento de petróleo na Baía de Guanabara, em 2000, em valor equivalente ao lucro cessante de 45 dias, tempo pelo qual ficou proibida a pesca na região, chegando a R$ 50 milhões. A decisão da 3ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio foi unânime e representa, na verdade, uma vitória da petroleira.

A Federação de Pescadores do Estado do Rio de Janeiro (FEPERJ), que representa 12 mil pescadores, queria ser ressarcida pelo período de dez anos, tempo fixado pelo Ibama para a recomposição do meio ambiente.

Quem defende os pescadores é o escritório Antonelli & Associados Advogados, que promete recorrer da decisão. Na avaliação da defesa, os 45 dias correspondem a R$ 750 por pescador em valores da época, o que daria R$ 9 milhões. Em valores corrigidos, a quantia seria elevada para algo entre R$ 40 milhões e R$ 50 milhões, segundo Leonardo Antonelli.

Caso os desembargadores tivessem aceitado o recurso da FEPERJ, a conta seria bem mais salgada: quase R$ 350 milhões.

Em novo recurso, Antonelli alegará que os peixes não voltam no dia seguinte à retomada da pesca. O vazamento, de 1,3 milhão de litros de combustível, é considerado o maior da América Latina.

Em nota, a Petrobras disse que “aguarda a publicação do acórdão para conhecer o inteiro teor da decisão".

Fonte: O GLOBO
Imagem: O Cidadão

terça-feira, 20 de maio de 2014

ONU: 28% dos estoques de peixes são sobreexplorados


Conferência de Ação Global dos Oceanos para Segurança Alimentar e Crescimento Azul reúne representantes de diversos setores da sociedade para discutir formas de aliar o uso racional de recursos naturais e preservação marinha.

Atualmente, cerca de 17% da proteína animal consumida no mundo vem da pesca e da aquicultura, e a demanda por essa proteína proveniente dos mares deve duplicar nos próximos 20 anos. Mas mesmo com essa grande dependência que temos dos oceanos, grandes problemas ameaçam o uso dos recursos marinhos.

Por isso, 500 representantes de diversos setores da sociedade, incluindo 60 ministros de Estado, se reuniram entre os dias 22 e 25 de abril em Haia, nos Países Baixos, para debater formas de aliar o uso racional de recursos naturais e a preservação marinha, protegendo os oceanos de três grandes obstáculos à sua exploração sustentável: a sobrepesca, a destruição de habitats marinhos e a poluição.

Para se ter uma ideia, a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) estima que 28% dos estoques de peixes já sejam sobreexplorados atualmente.

“Oceanos saudáveis têm um papel central a desempenhar em resolver um dos maiores problemas do século 21 – como alimentar nove bilhões de pessoas até 2050? Contudo, precisamos agir agora na velocidade e escala necessárias para superar os desafios que enfrentamos através da união de forças de todos os interessados, promovendo parcerias e estimulando o crescimento sustentável”, observou Árni M. Mathiesen, diretor-geral assistente para Pesca e Aquicultura da FAO, uma das organizadoras do encontro.

A Conferência de Ação Global dos Oceanos para Segurança Alimentar e Crescimento Azul, organizada também pelo governo neerlandês e pelo Banco Mundial, tem como um dos focos as causas que levaram aos três principais problemas enfrentados pelos oceanos, bem como suas possíveis soluções.

Entre as soluções, estão: equilibrar a demanda por crescimento com a necessidade de conservação de áreas marinhas; combater a pesca ilegal, não declarada e não regulamentada (IUU); e garantir que o crescimento do setor privado não ocorra às custas da proteção dos meios de vida das comunidades locais que dependem dos oceanos.

“Ações conjuntas urgentes da comunidade global são necessárias para combater as ameaças que enfrentam nossos oceanos. Inovações locais para equilibrar a ecologia e a economia do mar devem ser identificadas e colocadas em prática em outras regiões. A Conferência de Ação Global dos Oceanos em Haia oferece a oportunidade de se fazer a diferença”, comentou H.E Sharon Dijksma, ministra da Agricultura dos Países Baixos.

O evento também focou no conceito de Crescimento Azul, que foi definido na Conferência Rio+20, em 2012. O Crescimento Azul ou Economia Azul compreende a alimentação, empregos e oportunidades para desenvolvimento fornecidos pelos oceanos e litorais, e enfatiza a conservação e a gestão sustentável dos recursos aquáticos e benefícios equitativos às comunidades costeiras que dependem dos mares.

“Existem soluções que equilibram as demandas ecológicas e econômicas dos oceanos. Temos a oportunidade de alinhar nossos esforços e trazer soluções para a escala local. Com parcerias público-privadas e abordagens comuns, podemos restaurar a saúde dos oceanos e fornecer alimentos e empregos para comunidades em todo o mundo”, afirmou Juergen Voegele, diretor de Agricultura e Serviços Ambientais do Banco Mundial.

Felizmente, a conferência mostrou alguns resultados positivos das discussões. No segundo dia da reunião, a Indonésia e os Países Baixos iniciaram projetos conjuntos para desenvolver produtos derivados de peixes mais seguros para os consumidores indonésios.

A parceria, com projetos conjuntos no valor total de € 4,5 milhões, vai atuar em locais como Kalimantan, Sumatra, Java e Ambon, onde condições ruins de armazenamento e refrigeração dos produtos de peixes acabam levando a um grande desperdício de alimentos. A meta dos projetos, que durarão até 2016, é garantir produtos de mais qualidade e disponibilizá-los para o mercado interno e possivelmente para exportação.

“Muitos peixes são jogados fora em todo o mundo devido à falta de conhecimento de técnicas de armazenamento e refrigeração. Há desperdício desnecessário de boa comida nos oceanos. Isso pede por ação agora, começando hoje. Vamos trabalhar juntos e investir conhecimento para melhorar os produtos de peixes para os consumidores”, disse Dijksma.


Resoluções da Conferência:
  • A única maneira de acabar com o conflito e degradação é encerrar a sobrepesca e eliminar o excesso de capacidade de captura;
  • A partir de agora, os subsídios devem ser utilizados apenas em atividades pesqueiras sustentáveis;
  • Pescarias ilegais devem ser banidas e precisamos de acordos regionais com as empresas exploratórias para alcançar isso;
  • Acelerar a ratificação dos mecanismos acordados para melhorar as práticas de pesca para tornar o setor pesqueiro mais sustentável e para combater a poluição;
  • Um maior reconhecimento do impacto das alterações climáticas sobre os oceanos é crucial;
  • Os oceanos deve ser um foco especial nos objetivos de sustentabilidade das Nações Unidas.

quinta-feira, 15 de maio de 2014

OPINIÃO: Comer peixe é muito saudável?


A pesca de captura em grande escala, por sua vez, desde a costa até as águas mais profundas, tem também consequências muito negativas tanto para os próprios recursos pesqueiros como para o meio ambiente. No Mediterrâneo, 92% das espécies de peixes estão sobre-exploradas, 63% no Atlântico, segundo dados de Ecologistas em Ação. Várias espécies marinhas veem-se ameaçadas e em perigo de extinção. A sobre-pesca tem sido a prática dominante e a sua consequência: a diminuição de peixes no mar.

A reportagem é de Esther Vivas, ativista política, publicada por Adital, 01-03-2014.

Dizem-nos que comer peixe é do melhor. Que nos dá ácido gordo ómega 3, vitaminas B, cálcio, iodo… Mas, comer peixe é assim tão saudável? É mesmo benéfico para nós e para o meio ambiente? Que efeitos tem no fundo do mar e nas espécies marinhas? E nas comunidades locais? Quem sai a ganhar com a sua crescente procura? Movem-se águas turvas nos anúncios da indústria pesqueira.

O consumo de peixe é excessivo. A sua produção mundial bateu um novo recorde em 2013 atingindo os 160 milhões de toneladas, com a pesca de captura e a de aquicultura, face aos 157 milhões do ano anterior, segundo aOrganização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO).

Uma tendência que se sustenta numa sólida procura nos mercados internacionais e num aumento da mesma na Ásia Oriental e no sudeste asiático, especialmente na China. Na Europa, o Estado espanhol é um dos maiores consumidores, com uma média de 26,8 quilos de peixe por pessoa e por ano, segundo dados de Mercasa de 2011, apesar da queda que o seu consumo sofreu nos últimos tempos devido à crise.

Uma procura crescente que foi satisfeita pela expansão da aquicultura intensiva. Decalque e cópia do modelo de ganadaria industrial, aplicado agora à pesca. Atualmente, um em cada dois peixes que comemos procede dessa produção.

Trata-se de um modelo em crescimento que, se calcula, que em 2030 fornecerá quase dois terços de todo o peixe consumido no mundo, segundo o relatório A pesca até 2030: Perspetivas da pesca e da aquicultura do Banco Mundiale da FAO. No entanto, o negativo impacto, social e no meio ambiente, deste modelo, desde a sua instalação à “cultura” e processamento do pescado, é a outra face da moeda.

Peixe come peixe

A lógica do capital impacta de pleno na sua produção. Criam-se as espécies de alto valor econômico, as mais procuradas para o consumo. Na Noruega, o salmão; no Estado espanhol, a dourada, o robalo, a truta, o atum. A maioria, peixes carnívoros: peixe que por sua vez precisa de outro peixe para a engorda.

O jornalista Paul Greenberg, na sua obra ‘Quatro peixes. O futuro dos últimos alimentos selvagens’, deixa isso claro: para produzir 1 quilo de salmão são precisos 3 quilos de outras espécies de peixe e para 1 quilo de atum, nada mais e nada menos, que 20 quilos. O que gera uma maior sobre-exploração dos recursos pesqueiros.

Algumas mercadorias são, com frequência, subtraídas da costa de países do Sul, diminuindo assim os bens imprescindíveis para a sua alimentação. O resultado é um produto de luxo à mercê dos bolsos daqueles que o podem costear e consumir.

Os tratamentos que se aplicam nos estabelecimentos aquícolas para combater as doenças infecciosas dos peixes são outro fator de risco para a saúde do meio ambiente e do consumo humano. Um exemplo são os banhos de formol, com uma função anti-parasitária, e a administração preventiva de antibióticos, que se acumulam nos órgãos internos do animal, e o seu uso sistemático facilita o aparecimento de patogénicos resistentes.

As condições em que se encontram os peixes não ajuda. Piscinas e jaulas superlotadas estão na ordem do dia e permitem facilmente a propagação de doenças por atrito, stress ou canibalismo.

O impacto no território e nas comunidades é, também, importante. As mesmas instalações, grandes superfícies de piscinas, competem com o uso desse terreno por parte da população local, seja para o cultivo, seja para pastoreio. As águas destas localizações, com elevadas doses de produtos químicos e substâncias tóxicas, contaminam os solos e o meio aquático, e a introdução de espécies exóticas e a fuga de exemplares afeta às espécies nativas.

Da costa a mar adentro

A pesca de captura em grande escala, por sua vez, desde a costa até as águas mais profundas, tem também consequências muito negativas tanto para os próprios recursos pesqueiros como para o meio ambiente. No Mediterrâneo, 92% das espécies de peixes estão sobre-exploradas, 63% no Atlântico, segundo dados de Ecologistas em Ação. Várias espécies marinhas veem-se ameaçadas e em perigo de extinção. A sobre-pesca tem sido a prática dominante e a sua consequência: a diminuição de peixes no mar.

Além disso, a poluição da água afeta esses animais. A presença de mercúrio nos peixes é a mais conhecida e ameaça o ecossistema e a nossa saúde, pois é uma substância tóxica que afeta o cérebro e o sistema nervoso. Segundo Ecologistas em Ação, o peixe contém cada vez mais mercúrio.

Em 2013, na União Europeia foram notificados 96 casos de peixe contaminado, face a 68 no ano anterior. A organização ecologista denuncia que os limites de mercúrio permitidos pela União Europeia não são suficientes, porque não têm em conta nem o consumo médio nem as características corporais do consumidor. Os máximos permitidos pela FAO e pela Organização Mundial da Saúde, pelo contrário, são mais restritivos. A nossa saúde, em jogo.

O meio ambiente também é prejudicado, especialmente por técnicas como a pesca de arrasto, que através do uso de redes que varrem o fundo do mar, destrói os fundos marinhos, acaba com habitats naturais como recifes de coral e captura, para além dos peixes que se pretende pescar, exemplares imaturos e peixes não desejados acabam por ser deitados de novo à água, mortos ou quase mortos.

Na pesca de arrasto do lagostim no Mar do Norte, por exemplo, calcula-se, segundo dados de Ecologistas em Ação, que as capturas não desejadas e deitadas fora atingem 98% do total. Uma prática que igualmente se dá noutros modelos de pesca em teoria mais seletivos como a do palangre, com milhares de anzóis com iscos que se penduram em linhas que podem medir metros ou quilómetros.

No Mar Adriático, os peixes deitados fora do dito modelo de pesca podem chegar até 50% da captura. A pesca industrial com grandes embarcações aumenta o risco de poluição por causa de derrames de petróleo e combustível. A água, parece, que engole tudo. No entanto, a vida no mar esgota-se.

Outro impacto da pesca industrial dá-se em terra firme, nas comunidades. O tão magnífico como duro filme de Hubert Sauper ‘O pesadelo de Darwin‘ mostra-o em toda a crueza. A vida de 25 milhões de pessoas ao redor do Lago Vitória, mais de metade em situação de desnutrição, recolhem as migalhas da próspera indústria de processamento e comercialização da perca do Nilo destinada ao mercado estrangeiro.

Trata-se do lado oculto, e mais dramático, do que aqui na peixaria ou no supermercado nos dizem que é “filete de garoupa”, e que compramos a um módico preço. Em cada dia, segundo a campanha Não comas o mundo, dois milhões de pessoas no Ocidente consomem perca do Nilo. O que equivaleria a satisfazer as necessidades de proteína de 1/3 da população desnutrida que vive em redor do Lago Vitória.

Em poucas mãos

Algumas poucas empresas repartem o suculento bolo da pesca industrial. Trata-se de grandes companhias que compram outras pequenas com o objetivo de exercer um maior controle da indústria integrando criação, processamento e comercialização. Atualmente, por exemplo, quatro empresas controlam mais de 80% da produção mundial de salmão: a norueguesa-holandesa Nutreco é a número um, seguida das também norueguesas Cermaq,Fjord Seafood e Domstein que, depois de se terem fundido em 2002, ocupam a segunda posição.

Outras grandes empresas como a Pescanova, de origem galega, optam pela compra de quotas investindo em produção de salmão no Chile, tilápia no Brasil, pregado em Portugal, camarão na Nicarágua, etc. No entanto, do sucesso à bancarrota: hoje a Pescanova encontra-se na corda bamba, assolada pelas dívidas e à mercê da banca. Um modelo industrial que acaba com a pesca artesanal e em pequena escala, que não pode sobreviver num sistema pensado por e para a pesca intensiva e em grande escala.

Chegados a este ponto, voltamos a perguntar: Comer peixe é assim tão saudável para nós e para o meio ambiente? Tirem conclusões.

Fonte: Instituto Humanistas Unisinos

Imagem: Mercado de Pescado na cidade de Kaoksiung, Taiwan (Wikimedia Commons)

terça-feira, 13 de maio de 2014

Mês de ocorrência de tubarão raros


Tubarão Goblin capturado no Golfo do México na costa da Flórida (Fonte: NATGEO)

Tem sido um mês de ocorrências de tubarões raros! Depois de um pescador da Flórida captura o segundo Tubarão Globin já registrado no Golfo do México, agora ocorre o registro de um raro tubarão boca-grande (Megamouth Shark) de quase 4 metros na costa japonesa, perto de Shizuoka.



Este é apenas a 55o registro desta espécie no mundo desde a primeira ocorrência, realizada em 1976 em uma captura  acidental por um navio da Marinha americana na costa de Oahu, Hawai.



Fonte: National Geographic

sexta-feira, 9 de maio de 2014

Década de 1920: Sereias japonesas




No Japão da década de 20, centenas de mulheres mergulhavam nuas em busca de ostras e pérolas. Com um fôlego invejável, elas chegavam a ficar mais de 2 minutos debaixo d’água, inclusive durante o inverno. Chamadas de Amas, essas mulheres foram registradas por Iwase Yoshiyuki em sua Kodak. As fotografias são um dos únicos registros dessa milenar profissão que se extinguiu algumas décadas depois.



Utilizando uma máscara para os olhos e chinelos especiais, mulheres e meninas, também conhecidas como sereias, enfrentavam os mares por toda a costa japonesa. O motivo de fazerem isso nuas? Enquanto que roupas de mergulho não chegaram ao país até 1950, roupas de algodão atrapalhavam o mergulho, além de serem desconfortáveis quando molhadas e demorarem para secar.

Cada mergulho de 2 minutos em busca de ostras era intercalado com pequenos intervalos de respiro. A maratona era feita até 60 vezes por dia. Tanto esforço, contudo, pagava-se. Em poucas semanas de trabalho, uma Ama conseguia mais dinheiro que um homem comum que trabalhasse por um ano.

Os homens, aliás, raramente participavam da busca por ostras. Acreditava-se que o corpo da mulher, por conter mais gordura, era mais apropriado para controlar a respiração e as baixas temperaturas.







Fonte: Hypeness

As postagens mais populares da última semana: