quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Período de defeso do camarão preocupa pescadores de Campos

Pescadores acham que a data do defeso deveria ser outra.
Ministério da Pesca e IBAMA afirmam que mudança depende de pesquisa.

No próximo sábado (1º), começa o período do defeso do camarão. O defeso termina no dia 31 de maio.

Farol de São Tomé, litoral de Campos dos Goytacazes, no Norte Fluminense, é um dos principais representantes da pesca do crustáceo no Estado do Rio de Janeiro. Em média, 20 toneladas da espécie sete barbas são pescados por dia.

Até o sábado, o trabalho dos pescadores está em ritmo acelerado. Eles pretendem estocar o produto, que é muito consumido no verão e no carnaval, para que não falte camarão nos estabelecimentos comerciais. Atualmente, os pescadores enfrentam uma realidade de trabalho difícil. Para retirar o produto pescado das embarcações, eles precisam alugar um trator que puxa a embarcação até a orla. Além do gasto com o aluguel do veículo, a ação compromete o casco dos barcos.

Para mudar essa realidade, as colônias de pescadores da região esperam que o projeto do Terminal Pesqueiro de Barra do Furado, distrito de Quissamã, no Norte do Estado, saia do papel. Em dezembro de 2013, o Ministro da Pesca e Aqüicultura, esteve em Campos para assinar um documento de partida para a elaboração do terminal.

De acordo com a secretaria de comunicação de Campos, engenheiros da Universidade Federal Fluminense (UFF) irão utilizar o projeto base elaborado pela prefeitura, para que em maio, período determinado pelo Ministro, o convênio de operação do Terminal Pesqueiro seja assinado.

Enquanto isso os pescadores lamentam o período do defeso. Muitos acreditam que a data poderia ser outra. “Nem todos nós podemos ir para o alto mar, porque muitos barcos não estão preparados. Alguns se arriscam porque o valor que recebemos do auxílio defeso não é suficiente para pagar as contas. Acho que o período está errado, porque agora o camarão está grande”, disse o pescador José Miguel.

De acordo com a assessoria de comunicação do Ministério da Peca, não há uma nova discussão em relação à mudança da data do defeso. Eles estudam a possibilidade de ampliar a discussão criando um Comitê Permanente de Gestão (CPG), para que juntos aos pescadores, sejam propostas soluções que diminuam o impacto deste período em especial.

Para a chefe do escritório do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) em Campos, Rosa Maria Castelo Branco, para acontecer uma possível mudança da data do defeso, é preciso um estudo de no mínimo dois anos.

“O último estudo garante que o período de crescimento e desova do camarão deveria ser de seis meses. Porém, o Ministério da Pesca e o Ibama, entenderam que seria um tempo muito longo para o pescador ficar longe do mar. Esta discussão é muito ampla e depende de muito estudo e pesquisa”, explicou Rosa Maria.

O diretor secretário da Colônia dos Pescadores do Farol, Genivaldo Sales, acredita que a pesca ficou prejudicada no último ano, devido à instabilidade climática e as diversas ressacas que impediram o pescador de ir ao mar.

“Tivemos períodos intensos de ressacas e neste caso, não é recomendado que o pescador encare o mar. A pesca este ano foi um pouco decadente em vista dos outros anos. A nossa expectativa é que depois do defeso dê pra pescar com mais tranquilidade”, disse Genivaldo.

Por conta da proibição, os pescadores passam a receber dos governos Federal e Municipal, o valor de um salário minimo, referente ao auxílio defeso. Muitos reclamam que o dinheiro não é suficiente e alternativa é ir atrás dos peixes.

Fonte: O GLOBO


quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

SP - Poluição reduz diversidade de bactérias marinhas no litoral paulista

Quanto menos poluída a água do mar no litoral de São Paulo, maior é a diversidade de bactérias marinhas. Essa foi uma das constatações de um grupo de pesquisadores do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB/USP), após a coleta de amostras de água do mar e de plâncton na Baixada Santista, em Ubatuba e em São Sebastião.

Eles participaram de uma pesquisa, realizada entre 2010 e 2012 com apoio da FAPESP, cujo objetivo geral era caracterizar comunidades bacterianas do litoral paulista por meio de análises moleculares e genéticas.

O foco estava nos exemplares quitinolíticos – ou seja, nas bactérias que metabolizam a quitina (polissacarídeo presente no exoesqueleto de muitos organismos marinhos) e liberam carbono e nitrogênio (utilizados em processos biológicos, fisiológicos e bioquímicos ao longo de toda a cadeia alimentar).

Após as fases de coleta e análise, foram encontrados 13 gêneros de bactérias quitinolíticas na Baixada Santista, 19 em Ubatuba e 28 em São Sebastião, somando as amostras de água do mar e de plâncton (alguns gêneros foram encontrados tanto em água do mar quanto em plâncton).

Por meio de estudos anteriores realizados pelo próprio ICB/USP, os pesquisadores conheciam os níveis de poluição antrópica (pelo homem) nos três locais: alto na Baixada Santista, médio em São Sebastião e baixo em Ubatuba.

Cruzando os resultados, concluiu-se que a maior diversidade é encontrada onde há poluição baixa ou mediana. “Os microrganismos nativos de um sistema competem com outros que chegam até ele, por meio de esgotos não tratados, por exemplo. E sobrevivem os mais fortes – no caso, aqueles associados aos poluentes”, disse Irma Nelly Gutierrez Rivera, professora e pesquisadora do ICB/USP.

De acordo com Rivera, tal redução na diversidade de bactérias quitinolíticas gera preocupações em ao menos três esferas. A primeira remete aos prejuízos diretos para a cadeia alimentar marinha, que necessita do carbono e do nitrogênio liberados pela metabolização da quitina. A segunda diz respeito a perdas para uma série de processos biotecnológicos nos quais essas bactérias são aplicáveis, como controle de insetos e fungos.

Já a terceira implica em riscos relacionados à perda de biodiversidade nos ecossistemas costeiros do país. “Há espécies desaparecendo antes mesmo de serem catalogadas. Isso é ruim porque devemos saber o que é nosso e o que não é – caso, por exemplo, dos microrganismos que chegam com a água de lastro dos navios e cuja interação com as espécies locais pode dar origem a espécies patogênicas que, por sua vez, podem causar doenças para o homem, para os animais marinhos e para o próprio ecossistema”, disse Rivera.

Metodologias e desenvolvimento

Entre 2007 e 2010, Rivera coordenou uma pesquisa com Auxílio Regular da FAPESP sobre a diversidade de microrganismos marinhos na Baixada Santista, em Ubatuba e em São Sebastião.

A partir de então e até o segundo semestre de 2012, com novo projeto de pesquisa, Rivera passou a coordenar a caracterização das comunidades bacterianas nesses três locais. Ou seja, a equipe focou os estudos nas bactérias – mais especificamente nas quitinolíticas – e buscou identificá-las por meio de análises moleculares e genéticas.

Para tanto, o primeiro passo foram as coletas de amostras de água e plâncton, que duraram 20 meses em São Sebastião e dois verões em Ubatuba e na Baixada Santista.

Nos três locais estudados, o filo Proteobacteria foi o mais recorrente. Em relação aos gêneros, em amostras de água, Micromonospora predominou em Ubatuba e São Sebastião, enquanto Aeromonas prevaleceu na Baixada Santista. Em amostras de plâncton, Ubatuba teve outros gêneros de bactérias, como Streptomyces e Luteimonas, enquanto as Aeromonas foram as mais encontradas em São Sebastião e na Baixada Santista.

“Para chegar ao nível das espécies, é preciso lançar mão de metodologias mais complexas”, afirmou Rivera. “Até hoje, conhecemos pouquíssimas espécies. Estudos apontam que os oceanos são os ambientes mais ricos em diversidade procariótica, com aproximadamente 3,5 x1030 espécies de bactérias. Por enquanto, apenas cerca de 6 mil delas estão descritas.”

Os pesquisadores do ICB/USP farão o sequenciamento completo do genoma de ao menos uma das bactérias quitinolíticas coletadas, a fim de identificar a que espécie ela pertence. Outro desdobramento serão estudos sobre as enzimas produzidas por bactérias de ecossistemas marinhos e suas possíveis aplicações biotecnológicas.


quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Projeto Garoupa


Recuperar e proteger espécies marinhas em vias de extinção é um passo importante para manter o equilíbrio de ecossistemas degradados por agentes externos. A Iniciativa da Associação Ambientalista Terra Viva / ATEVI, patrocinada pela Petrobras através do Programa Petrobras Ambiental, esta desenvolvendo o Projeto Garoupa que nasce com a missão de pesquisar os hábitos, habitats e formas de reprodução, para contribuir na conservação da garoupa verdadeira, (Mycteroperca marginata).

Este projeto, com duração inicial de dois anos, concluiu a fase de apresentação formal da proposta e mapeamento das redes (comunidades tradicionais, colônias / associações de pesca, unidades de conservação, instituições de pesquisa e prefeituras locais dos 11 municípios, divulgando as ações do projeto que tiveram início em outubro de 2013.

As pesquisas dos habitats tiveram início também nos meses de novembro e dezembro de 2013. Os mergulhos autônomos foram realizados em 12 sítios distribuídos entre os estados do Rio de Janeiro (Região dos Lagos e nas Ilhas Cagarras) e no estado de São Paulo (Litoral norte), para caracterização fisica e biologica destes ambientes. 


O Projeto conta também como apoio as ações, a larvicultura da garoupa verdadeira, localizada no Município de Ilhabela / SP, em uma das bases do projeto. Os indivíduos produzidos em tanques de alevinagem, a partir de matrizes naturais das regiões contempladas pelo projeto, serão acompanhados com transmissores para auxilio a telemetria e também elastômeros visiveis como ferramenta de suporte a pesquisa de repovoamentos e habitats.

Através do auxílio de arte-educadores utilizando atividades ludicas (teatro ambiental, contação de histórias com bonecos e videos comunitarios), divulgação da mídia local, conscientização da sociedade e sobretudo, das comunidades de pescadores, ao longo de sua realização o projeto passará pelos estados do Rio de Janeiro e São Paulo, nos seguintes municípios: Arraial do Cabo, Cabo Frio e Búzios (Região dos Lagos, RJ); Itaguaí, Mangaratiba, Angra dos Reis e Paraty (Litoral Sul, RJ) e Ubatuba, Caraguatatuba, São Sebastião e Ilhabela (Litoral norte, SP).

A grande preocupação dos pesquisadores da ATEVI, reside no fato da garoupa verdadeira estar, atualmente, listada como ameaçada de extinção devido à pesca predatória e perda de habitats naturais. A espécie é encontrada na faixa litorânea compreendida entre os estados do Rio de Janeiro ao Rio Grande do Sul, a garoupa habita ambientes rochosos e possui alta fidelidade territorial. Este peixe de habito carnívoro possui lugar de destaque dentro da cadeia alimentar de seu ecossistema sendo de grande importância para o equilíbrio trófico destes ambientes.

Indo além da ação ambiental, o projeto está atento ao caráter social que a pesca e a proteção da garoupa agrega. A educação ambiental é componente chave. Não apenas pela informação transmitida para a população em geral, mas, principalmente, pela inclusão dos moradores na realização do projeto. A idéia é que a iniciativa proposta pelo Projeto Garoupa para as comunidades envolvidas seja a continuidade da iniciativa, que de posse das informações e dos cuidados necessários, possam compartilhar a transferência e dividir a responsabilidade para garantir a sustentabilidade dos resultados obtidos a conservação em longo prazo, conferindo equilíbrio ecológico e dignidade social das regiões.

Maurício Roque da Mata.
Coordenador Geral do Projeto Garoupa

Mais informações;
www.projetogaroupa.org

contatos@projetogaroupa.org

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