sexta-feira, 4 de maio de 2012

Perspectivas da Aquicultura no Brasil

Trechos da entrevista de geraldo Bernardino a AQUABIO:

Atual Secretário Executivo de Pesca e Aquicultura da Secretaria de Estado da Produção Rural do Amazonas (SEPROR/AM) e Presidente da Associação Brasileira de Aqüicultura (ABRAq), Geraldo Bernardino é mestre em Ecologia e Recursos Naturais pela UFSCar e graduado em Engenharia de Pesca pela Universidade Federal do Ceará. Com sua vasta experiência em cargos de associações nacionais da pesca e aquicultura, e também no governo, nesta entrevista Geraldo comenta o cenário brasileiro desta área e a importância da pesquisa no mercado.

AQUABIO – Como o senhor avalia a contribuição atual e futura da aquicultura para o agronegócio brasileiro?

Geraldo Bernardino - O cenário atual aponta que o Brasil será um dos maiores países aquícolas do mundo nos próximos dez anos. As perspectivas são promissoras, pois o aumento da população mundial e sua conseqüente demanda por alimentos nos leva a uma previsão que o consumo de pescado permanecerá aumentando. Com um clima diversificado, chuvas regulares, terras abundantes e quase 13% da água doce disponível no planeta, o país é um lugar de vocação natural para a aquicultura. Entretanto, apesar das vantagens comparativas e das perspectivas, a atividade aquícola encontra muitos desafios a serem superados que dependem, essencialmente, de investimentos públicos e privados, bem como de mudanças nas políticas econômicas internas. Para tanto, é necessário ter visão de futuro, capacidade empreendedora, investindo na geração e domínio de novas tecnologias, na assistência técnica, na infra-estrutura, na montagem de um sistema eficiente de defesa sanitária e nas boas práticas de produção e fabricação, que economizem e reduzam os impactos sobre os recursos naturais.

Além disso, é preciso superar limitações e dificuldades gerais do setor como: pouca integração e gerenciamento de cadeias de produção, escalas de produção inadequadas, carga fiscal elevada, deficiente qualificação gerencial e nos sistemas de informação, fontes de financiamentos limitadas, juros relativamente elevados, entre outros, que acabam reduzindo a competitividade do negócio aquícola. É imprescindível que vinguem as parcerias público-privadas, instrumento relevante para atrair investimentos, e fortalecer as organizações cooperativistas para acompanhar as novas tendências de mercado.

Outro ponto que precisa ser revisto nesta nova gestão do governo da presidente Dilma é a redução de impostos, o que favoreceria a lucratividade em todos os setores, gerando, inclusive, ainda mais mercado para o “negócio do pescado”. Temos sem dúvida, um potencial competitivo e perspectivas alvissareiras para aquicultura, porém temos a importante tarefa de fazer o dever de casa, o momento é de organização.

AQUABIO – Com a recente criação do Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA), em 2009, como o senhor vê a atuação e influência do órgão no setor aquícola?

Geraldo Bernardino - Estou confiante na determinação do ex-presidente Lula ao criar o Ministério da Pesca e Aquicultura e a recente decisão da presidente Dilma Roussef ao mantê-lo como ministério estratégico para responder ao crescente desafio da produção de alimentos, geração de emprego, renda e combate à fome e à miséria. Portanto, mesmo com um pequeno orçamento, o MPA é hoje uma importante ferramenta de promoção para o desenvolvimento do setor. Entretanto, o desenvolvimento da aquicultura requer decisão política, e por isso devemos apresentar mudanças profundas na maneira de pensar, sentir e agir em toda cadeia produtiva e, especialmente, exigir mudança no comprometimento dos responsáveis pelo planejamento e implementação das medidas necessárias para o alcance do desenvolvimento.

Convém promover a integração de ações que são de domínio de vários ministérios, pois com tantos envolvidos na formulação das estratégias e das políticas direcionadas ao setor, fica difícil promover ações racionais e eficientes que harmonizem todos os interesses no incremento e competitividade da aquicultura. Nesse sentido, acredito que a influência efetiva do MPA será na articulação institucional para criação de estímulos às ações integradas entre governo, setor produtivo, terceiro setor e comunidade de ciência, tecnologia e inovação (C&T). Assim as instituições transitariam de uma condição atual de simples executoras para elaboradoras dentro do Programa Nacional de Desenvolvimento da Aquicultura, com estratégias distintas, face às diferenças regionais. Acredito ser esta uma boa agenda para o atual ministro. Com orgulho, iremos dizer para o mundo: “No país das águas o negócio também é o pescado.
A entrevista na íntegra está acessível no site da AQUABIO:

http://www.aquabio.com.br/noticia/entrevista-com-geraldo-bernardino



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