segunda-feira, 31 de março de 2014

Campeonato Brasileiro de Fotosub: Os Melhores de 2014


Enfim é possível conhecer os vencedores do Campeonato Brasileiro de Fotosub 2014, que foi realizado na praia do Porto da Barra, em Salvador, entre os dias 26 e 28 de março.



Em primeiro lugar, com 314,3 pontos, ficou Álvaro Velloso. Em segundo, Carlos Montechi com 283,4 e, em terceiro na classificação, com 263,7, Ulisses Josei Turati.

Foram premiadas as melhores fotos em cinco categorias:

- Grande Angular Ambiente;

- Grande Angular com Modelo;

- Macro Livre;

- Macro Temática;

- Peixe.




O campeonato contou com um corpo de 11 jurados, composto por grandes nomes da fotografia subaquática nacional como Daniel Botelho e Marcelo Krause e, internacional como Michael Aw e Ellen Cuylaerts.

A divulgação dos vencedores aconteceu na festa de encerramento e premiação, neste sábado, 29, com um jantar, no Salão Elmano Castro, no Grande Hotel Barra.

O ganhador do CB 2014, Álvaro Velloso, nasceu em Salvador, onde morou até os 12 anos. Desde pequeno, praticava mergulho e pesca subaquática na Baia de Todos do Santos. Iniciou na fotografia subaquática em 2004 e seu primeiro campeonato foi em 2006.

O grande vencedor dessa edição, juntamente com o campeão do CB 2013, Áthila Bertoncini, irão compor a equipe que defenderá o Brasil no Campeonato Mundial, que acontecerá na Holanda, em maio de 2015.


Mais informações: www.imagemsub.com.br




sexta-feira, 21 de março de 2014

Em carta, pastoral dos pescadores denuncia privatização das águas

O Conselho Pastoral dos Pescadores (CPP), se reuniu em assembleia nacional, junto com representantes do Movimento dos Pescadores e Pescadoras Artesanais do Brasil (MPP) e de outras organizações que atuam na defesa dos direitos dos povos e populações tradicionais.

O resultado do encontro pode ser lido na carta aberta à sociedade lançada pela pastoral. Leia a carta abaixo:

Carta final da Assembleia Nacional do CPP

"Vocês, de manhã, administrem a justiça e libertem o oprimido da mão do opressor...”

Jr.21,12b

Nós, agentes do Conselho Pastoral dos Pescadores (CPP), estivemos reunidos em assembleia nacional com a participação de representantes do Movimento dos Pescadores e Pescadoras Artesanais do Brasil (MPP) e de outras organizações que atuam na defesa dos direitos dos povos e das populações tradicionais, no período de 10 a 14 de março/2014, em Olinda/Pernambuco.

Na ocasião, avaliamos as ações do CPP junto aos pescadores/as artesanais; construímos estratégias coletivas visando fortalecer o protagonismo dos pescadores/as na luta pela garantia dos seus direitos.

Diante da conjuntura avaliada, constatamos o acirramento da situação de negação de direitos em que vivem as pescadoras e os pescadores artesanais do país submetidos à política desenvolvimentista adotada pelo Estado.

A ação do governo ignora o modo de vida destas comunidades objetivando a abertura de espaços para o avanço dos grandes projetos, do turismo predatório, da mineração, da privatização das águas, da especulação imobiliária, da Aquicultura empresarial dentre outros investimentos que, incentivados de forma desordenada, ameaçam a vida destas populações tradicionais.

Ao discutirmos sobre tais questões agigantou-se nossa indignação frente ao modo desprezível com que o Estado e as empresas privadas tratam as famílias e comunidades do pescadores/as artesanais. Estas se encontram entre as comunidades mais discriminadas pelo governo e pela sociedade.

Indignados com esta realidade de opressão e exclusão, comprometidos/as o Deus do Povo e com o Povo de Deus, reafirmamos nosso compromisso com as comunidades tradicionais pesqueiras na luta pela garantia dos seus direitos, bem como na luta pela permanência e retomada dos seus territórios.Da mesma forma, DENUNCIAMOS:

•A privatização dos corpos das águas públicas, bem de uso comum do povo brasileiro e que já tem inúmeras comunidades que tradicionalmente utilizam essas áreas, através de várias estratégias dentre elas os editais para repassar o controle a empresas e pessoas físicas, impedindo o acesso, a cultura e o trabalho das comunidades tradicionais pesqueiras;

•A dificuldade, principalmente das mulheres, em acessar atendimento de saúde adequado e de qualidade, bem como o não reconhecimento das doenças ocupacionais específicas dos trabalhadores/as da pesca artesanal, junto à Previdência Social;

•A manobra do governo aliado às organizações burocratas que dificultam e até mesmo negam o acesso aos direitos conquistados;

•O acordo de cooperação firmado entre o MPA (Ministério da Pesca e Aquicultura) e CNPA (Confederação Nacional da Pesca e Aquicultura) que fere direitos constitucionais e sindicais, como a livre associação e a autonomia sindical, com o propósito de manter os pescadores/as atrelados à esse sistema de organização que os mantém reféns;

•A burocratização do MPA que dificulta o acesso e a manutenção do Registro Geral da Pesca (RGP). Muitos homens e mulheres das águas não conseguem ter seus registros; são obrigados a se recadastrarem anualmente e mesmo assim não tem o RGP reconhecido pelos próprios órgãos do governo ao acessar direitos;

•A terceirização dos serviços de responsabilidade do MPA aos pescadores/as que, ao serem repassados à outras organizações cria um circulo vicioso de domínio político, econômico e uso eleitoral;

•As constantes ameaças sofridas pelas comunidades tradicionais pesqueiras em luta pelo direito de permanecerem em seus territórios. Diversas tentativas de expulsão as levam à situações de violação dos direitos humanos.

Um exemplo emblemático é o caso da comunidade do Cumbe/Aracati, no Ceará, que sofre com a violenta ação da justiça que atua para retirá-la do seu espaço, em benefício de um grupo de empresários da carcinicultura.

O que está acontecendo com as comunidades tradicionais pesqueiras trata-se de um verdadeiro genocídio cultural incentivado pelo Estado. Conclamamos a sociedade brasileira para que conheça e apoie a luta das comunidades pesqueiras afim de que seja preservada sua cultura, sua tradição e o seu modo de vida.

Estas comunidades cumprem um papel fundamental na conservação do meio ambiente e na garantia da distribuição de uma alimentação saudável para o povo brasileiro.

Solicitamos da mesma sociedade um gesto concreto em prol desta causa: que se empenhe com todas as forças na Campanha Nacional pela Regularização do Território das Comunidades Tradicionais Pesqueiras.

Esta campanha propõe um projeto de lei de iniciativa popular sobre o reconhecimento, proteção e garantia do direito ao território dos pescadores e pescadoras artesanais.

Os povos das águas são dignos de representar a luta por um país com menos desigualdades e onde a preservação dos direitos de todo ser humano seja respeitado.

Estamos na luta pela preservação do modo de vida, da cultura, do meio ambiente e contra o modelo predatório de crescimento capitalista. Propomos a toda sociedade brasileira a construção de um novo modelo societário: a cultura do Bem Viver.

Quanto às comunidades Tradicionais Pesqueiras, nesta luta, resta-nos dizer, que esse povo resiste! É como bem expressa o profeta bíblico:

"Vejam! Esse povo chega veloz e ligeiro. No meio dele, ninguém cansa, ninguém tropeça, ninguém tem sono, ninguém cochila, ninguém desaperta o cinturão... Suas flechas estão afiadas, e todos os arcos bem esticados; os cascos de seus cavalos parecem de pedra e as rodas de seus carros são como furação. Seu rugido é como da leoa, ruge como leão novo.”

– Is. 5, 26b-30

"O pescador que não tem território não tem história, e sem história a gente não pode viver"

Iranyr dos Santos, pescadora artesanal de Remanso/Bahia.

Nas águas da organização pescando vida e dignidade!

Olinda/PE, 14 de Março de 2014

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