Estrutura física deficiente, embarcações antigas e precárias, e a poluição marítima são alguns problemas apontados por pescadores, de Itapuã ao subúrbio ferroviário.
A Bahia tem cerca de 126 mil pescadores, que produzem 115 mil toneladas de pescado por ano.
A equipe de reportagem do A TARDE visitou as quatro colônias - Itapuã, Rio Vermelho, subúrbio e Itapagipe - na última semana. Os pescadores contaram que se consideram "desassistidos".
Entre as principais reclamações estão carência de linhas de crédito para adquirir novos equipamentos e reformar embarcações e sedes e a falta de programas de capacitação.
Segundo o ministro interino da Pesca e Aquicultura, Átila Maia, o governo federal criou linhas de crédito para pequenos e grandes produtores.
Como principal exemplo, ele cita o Plano Safra da Pesca, lançado no ano passado, que vai disponibilizar cerca de R$ 4,1 bilhões até 2014 em linhas de créditos, "para atender a todos os segmentos".
Os financiamentos vão de R$ 1 mil até R$ 60 mil, a depender do projeto apresentado pelo pescador.
"Nossa meta é investir nos pequenos e grandes produtores e, a longo prazo, produzir 20 milhões de toneladas de pescado por ano", ressalta Maia. A produção atual do Brasil é de 1,2 milhões de toneladas.
A Prefeitura de Salvador informou que a reforma das sedes das colônias de pescadores, desde as centrais (Itapuã, Rio Vermelho, Plataforma e Paripe) até as demais agremiações (como Boca do Rio e São João do Cabrito), estão inclusas no projeto de requalificação da orla marítima.
A administração municipal comunicou, ainda, que está elaborando um programa para oferecer capacitação a esses profissionais.
Inverno - Além dos problemas estruturais e financeiros enfrentados diariamente, os pescadores sofrem ainda mais no inverno, quando as chuvas e ventos fortes são frequentes.
"Ganhamos, em média, um salário mínimo por mês (R$ 678). No inverno, diminui para cerca de R$ 400", lamenta o diretor da colônia de Itapuã Francisco Brito.
Nas colônias do subúrbio ferroviário (sede em Paripe) e Itapagipe (sede em Plataforma), os barcos quebrados são um problema apontado pelas lideranças locais.
"O barco fica encostado porque o pescador não tem condição de consertar, aí não pode ir para o mar, fica dependendo do barco de colegas", revela o presidente da colônia de Itapagipe, Carlos Alberto Pereira.
Orla da capital abriga quatro colônias
Itapuã (Z-6) - A jurisdição desta colônia vai da praia do Flamengo até parte da Boca do Rio. Fundada em 31 de março de 1956, reúne 1,2 mil pescadores e 32 barcos grandes (de 7 e 8 metros). A colônia não tem dados sobre barcos menores e se divide em três pontos: uma sede, uma associação e uma peixaria, todas em Itapuã. Entre os problemas apontados está a falta de segurança e a diminuição nas vendas em até 50%
Rio Vermelho (Z-1) - Esta colônia abrange parte da Boca do Rio até a Rampa do Mercado Modelo. Fundada em 21 de março 1972, tem cerca de 2,2 mil pescadores e em torno de 1,5 mil embarcações. A sede, que funciona na Casa Iemanjá, é na Rua Guedes Cabral, Rio Vermelho. Um entre os principais problemas apontados pela direção é a estrutura precária da sede, que está com paredes e teto rachados.
Itapagipe (Z-2) - Com cerca de 400 pescadores, a colônia tem sede em Plataforma e abrange da Rampa do Mercado Modelo até São João do Cabrito. Fundada em 15 de janeiro de 1937, enfrenta atualmente problemas como embarcações defeituosas, falta de equipamentos de pesca e insegurança. Não há informações sobre a quantidade de barcos.
Subúrbio (Z-67) - De São João do Cabrito a São Thomé de Paripe. Tem em torno de 1,3 mil pescadores e cerca de 140 barcos, 36 da colônia e o restante dos pescadores associados. Tem uma sede provisória, que funciona em uma casa alugada na Rua Chile, Paripe. Está sendo construída uma nova sede em local próximo.
Fonte: A TARDE
Imagem: Colônia de Rio Vermelho (Maurício Düppré)
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