Martin de Sá: Local poderá continuar com caiçaras ou será destinado a empreendimento imobiliário.
O destino da praia ecológica Martin de Sá será decidido esta semana. Os desembargadores do Tribunal de Justiça de Paraty vão decidir se a população caiçara, tradicional do local, manterá a posse da praia ou se a comunidade será retirada da área para dar lugar a um empreendimento imobiliário.
O julgamento é o resultado de uma batalha judicial que se arrasta há mais 14 anos. De um lado, está a família de Manoel de Remédios, conhecido como Seu Maneco. A família vive na região há pelo menos seis gerações - sendo quatro vivas - e mantém as tradições da população caiçara. A praia, considerada uma das poucas bem preservadas na região, fica na Reserva Ecológica da Juatinga, criada em 1992 com o objetivo de fomentar a cultura caiçara. Hoje os pescadores caiçaras que nela resistiram estão se vendo seriamente ameaçados pela especulação imobiliária.
Do outro lado da briga judicial estão os autores de uma ação de reintegração de posse, que falam em nome do espólio de Antônio Rocha Pacheco. Os autores argumentam que contam com a titulação das terras - cerca de 300 alqueires - e exigem a saída imediata dos caiçaras. Especula-se que os autores da ação estão interessados na construção de um empreendimento imobiliário na frente da praia.
- Moramos nesse local há anos, meu avô e meu pai preservaram esse lugar, e como eles se foram e eu fiquei agora é minha obrigação cuidar, e graças a Deus continuo preservando. O problema é que nisso apareceram algumas pessoas com documentos falsos, com escrituras compradas, e estão falando que venderam para uma multinacional e querem porque querem que eu venda o meu direito para eles. Eles estão querendo pegar para eles, fechar e fazer condomínio desse lugar tão encantado - disse o morador Manoel de Remédios.
Há meses, o caso vem repercutindo na cidade de Paraty, com protestos e reclamações dos moradores.
- É a nossa única praia da reserva que está mais preservada. As pessoas vêm e ficam doidas porque tem muita água, muita mata, e por isso gravam tudo e tiram muitas fotos. É um lugar muito bonito que dizem que nós não estamos preservando, e eles que vão cuidar disso. Mas, pelo visto, eles vão fazer pior, vão construir várias coisas e acabar com tudo - comentou Seu Maneco.
O DIÁRIO DO VALE tentou entrar em contato com os representantes do outro lado do processo, mas até o fechamento desta edição não obteve retorno.
Fonte: Diário do Vale
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