segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Nova chance para esturjão do mar Cáspio


A pesca de esturjão no mar Cáspio será proibida por cinco anos. Se espera que essa decisão seja tomada no final da cúpula dos chefes de Estado dos países do mar Cáspio, que acontecerá em setembro. Segundo especialistas, tal medida ajudará evitar o desaparecimento da população de esturjão.

A proposta de introduzir uma moratória de cinco anos sobre a pesca de esturjão no mar Cáspio surgiu em novembro de 2010 na cúpula em Baku. Quatro dos cinco países do mar Cáspio: Rússia, Azerbaijão, Cazaquistão e Irã estavam dispostos a introduzi-lo imediatamente. No entanto, o Turcomenistão não concordou na altura com essa decisão. Segundo o chefe do Centro de Relações Públicas do Ministério russo da Pesca, Alexander Saveliev, finalmente os países conseguiram chegar a um acordo sobre a introdução de uma moratória:

“É óbvio que para ajudar o esturjão a recuperar é necessário que a moratória seja imposta por todos os países litorâneos. Por isso esperamos que na próxima cúpula de chefes de Estado dos países do mar Cáspio esta questão será resolvida de uma vez por todas. Pelo menos de momento não existem nenhum desacordo. E a posição do Turcomenistão mudou. Eu acho que num futuro próximo esta moratória será introduzida.”

A situação com o esturjão é crítica. Nos últimos dez anos a população de belugas, esturjões de espinho, esturjões estrelados e outros esturjões no mar Cáspio diminuiu em 30-40 vezes nas estimativas mais conservadoras. Eles são pescados por sua carne saborosa e seu caviar, que em muitos países do mundo é considerado uma das iguarias mais caras.

O esturjão, que é uma das espécies mais antigas de peixes, é encontrado nos mares Cáspio, Negro e de Azov. Justamente a ação antropógena abalou catastroficamente a população desses peixes valiosos. A Rússia já em 2002 introduziu moratória à pesca de esturjão. Entretanto esta proibição não deteve os pescadores ilegais.

A fim de tentar salvar a população de peixes de alguma forma, em 2002 a Rússia impôs unilateralmente uma moratória sobre a pesca de esturjões. Atualmente, a pesca só é possível para fins científicos. Além disso, estão sendo ativamente desenvolvidas fazendas de reprodução artificial de esturjão. Cientistas russos desenvolveram um método único de obtenção de ovos in vivo. Ou seja, eles aprenderam a “ordenhar” os peixes. Parte do caviar é utilizada para criar alevinos em piscinas especiais. Quando os filhotes crescem, eles são soltos em seu habitat natural. Outra parte vai para a produção da iguaria. E o caviar cultivado não difere em nada do natural, “selvagem”. Pelo menos até os gourmets mais exigentes não os distinguem pelo gosto.

No entanto, o preço do caviar continua muito alto. Em mercados europeus eles podem chegar a vários milhares de dólares por quilograma. Isso estimula os pescadores furtivos a pescarem esturjões ilegalmente. A pesca furtiva em massa continua sendo o principal problema para o esturjão, acredita o coordenador-chefe de projetos do programa TRAFFIC do Fundo Mundial para a Natureza (WWF) da Rússia Alexei Vaisman:

“O esturjão do Cáspio está num estado deplorável na sequência de caça furtiva em massa, que prospera na Rússia, no Cazaquistão, no Azerbaijão, no Turcomenistão, e até mesmo no Irã. As pessoas foram ao mar porque começou desemprego em massa. As pessoas simplesmente não têm de que viver. Neste tempo, cresceu uma geração que não conhece nenhum outro trabalho. Em geral, criou-se uma cultura de pesca furtiva.”

Especialistas acreditam que se todos os estados do Cáspio concordarem em impor uma moratória total, a população de esturjão em breve será restaurada. Segundo estimativas de cientistas russos, atualmente já há suficiente esturjão jovem no Cáspio do Norte. E em cinco anos será possível falar de um início cauteloso de pesca industrial. É só preciso dar à natureza um pouco de descanso.

por Svetlana Kalmykova
Fonte: Rádio Voz da Rússia

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