segunda-feira, 15 de junho de 2020

Vídeo de 2016 mostra o navio Stella Banner quase passando por cima de pescadores de Camocim!

Ao revermos um vídeo de 2016 sobre um caso real de risco de um bote bastardo que estava fundeado na rota de navegação de navios de longo curso, na costa do Maranhão, não é que parece ser o navio Stella Banner que foi alijado dias atrás?


O vídeo, compartilhado conosco pelo Mestre Rincon mostra claramente um dos riscos constantes no dia a dia a bordo de uma embarcação pesqueira a vela, como é o caso dos botes bastardos de Camocim.

Neste caso, o risco de abarroamento por "navios grandes" ou "coreanos" como estes bravos pescadores chamam os navios de cabotagem e os navios de longo curso.

Em 2016, ano deste vídeo, eram cerca de 80 botes que atuavam desde o litoral oeste do Estado do Ceará até o oeste do litoral maranhense, em profundidades de até 150 metros.

De propulsão a vela, trabalham na pesca de linha de mão (guaiuba, sirigado, pargo e cavala), quando recolhem as velas, largam o ferro (ancora) e praticam a pesca, tornando o risco ainda maior pela demora para recolher o ferro e armar a vela para saírem da posição.

Estas pescarias duram de 12 até 30 dias a depender da produção alcançada. As área de pesca, do Ceará até Maranhão podem estar até 3-4 dias de navegação partindo de Camocim.

O fato dos botes bastardos não possuírem rádio e os navios cargueiros terem tripulação geralmente estrangeira que desconhecem este fato acentua ainda mais o risco.

Sem falar que muitas vezes, os navios estão em piloto automático e as embarcações de madeira, sem luzes adequadas de navegação e um defletor de radar, não são avistadas pelo radar.

Camocim possui hoje, segundo o Iphan, a maior frota pesqueira de vela latina (velas que permitem os botes bastardos a navegarem a contra-vento) do planeta em atividade.

É o passado confrontando o futuro, pondo em risco de vida estes bravos pescadores artesanais que mantém a pesca como seu meio de vida tradicional.

Texto: Mauricio Düppré

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