O vídeo, compartilhado conosco pelo Mestre Rincon mostra claramente um dos riscos constantes no dia a dia a bordo de uma embarcação pesqueira a vela, como é o caso dos botes bastardos de Camocim.
Neste caso, o risco de abarroamento por "navios grandes" ou "coreanos" como estes bravos pescadores chamam os navios de cabotagem e os navios de longo curso.
Em 2016, ano deste vídeo, eram cerca de 80 botes que atuavam desde o litoral oeste do Estado do Ceará até o oeste do litoral maranhense, em profundidades de até 150 metros.
De propulsão a vela, trabalham na pesca de linha de mão (guaiuba, sirigado, pargo e cavala), quando recolhem as velas, largam o ferro (ancora) e praticam a pesca, tornando o risco ainda maior pela demora para recolher o ferro e armar a vela para saírem da posição.
Estas pescarias duram de 12 até 30 dias a depender da produção alcançada. As área de pesca, do Ceará até Maranhão podem estar até 3-4 dias de navegação partindo de Camocim.
O fato dos botes bastardos não possuírem rádio e os navios cargueiros terem tripulação geralmente estrangeira que desconhecem este fato acentua ainda mais o risco.
Sem falar que muitas vezes, os navios estão em piloto automático e as embarcações de madeira, sem luzes adequadas de navegação e um defletor de radar, não são avistadas pelo radar.
Camocim possui hoje, segundo o Iphan, a maior frota pesqueira de vela latina (velas que permitem os botes bastardos a navegarem a contra-vento) do planeta em atividade.
É o passado confrontando o futuro, pondo em risco de vida estes bravos pescadores artesanais que mantém a pesca como seu meio de vida tradicional.
Texto: Mauricio Düppré
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