Um armador de Viana do Castelo diz ter perdido mais de 750 mil euros nos dois anos que se seguiram ao afundamento do petroleiro "Prestige", ao largo da Galiza, Espanha, devido à desvalorização do pescado proveniente da zona.
Um "pesadelo" que durou entre 2002 e 2004, período em que a desvalorização do peixe o obrigou a abandonar a zona de afundamento do "Prestige", a mesma em que trabalhava há quase duas décadas com o seu barco de 24 metros e uma tripulação de 16 homens. "A nossa pesca era à linha, ao tubarão lusitano, e apesar de ter licença para trabalhar em Espanha e de ninguém nos impedir de ir para aquela zona, tive de o deixar de fazer durante dois anos devido à desvalorização. Perdi mais de 750 mil euros em pescado que não apanhei", admitiu.
Só o fígado do tubarão, que depois enviava para o Japão, rendia mais de 2.500 euros por cada cuba de 200 quilos, "já para não falar" das toneladas de cherne e brótias que deixou de pescar.
O mestre do "Nossa Senhora do Minho", de Viana do Castelo, barco que entretanto abateu e substitui por um mais pequeno, é um dos vários pescadores, sobretudo espanhóis, que exige na Justiça de Espanha uma compensação pelos efeitos provocados pela maior catástrofe ambiental na Europa.
A 13 de novembro de 2002, o petroleiro "Prestige" foi apanhado numa tempestade ao largo do Cabo Finisterra e sofreu um rombo de 35 metros no casco.
Seis dias depois, o navio liberiano com pavilhão das Bahamas afundou-se a 270 quilómetros da costa da Galiza, derramando mais de 50 mil das 77 mil toneladas de fuelóleo que transportava.
O total dos danos causados pelo naufrágio está estimado em 4.120 milhões de euros. "Foram tempos muito difíceis, estive para vender logo na altura o barco, mas felizmente descobri em Portugal outra arte e consegui dar a volta. Depois deu para voltar a pescar na zona", conta ainda.
Pescador de alto mar há mais de trinta anos e conhecedor profundo das águas do Atlântico onde o "Prestige" afundou, o denominado banco de pesca da Galiza, garante que a "qualidade" em alto mar "nunca" esteve em causa."Foi sobretudo uma questão de imagem mas chegamos a encontrar algumas dessas bolas de crude. Em Portugal, como a maré negra não se fez sentir, o preço do peixe até disparou e foi uma forma de salvar o negócio", recorda Vítor Ferreira.
O porta-voz da plataforma cívica "Nunca mais", constituída na Galiza após a maré negra provocada pelo "Prestige", explicou à agência Lusa que os efeitos do derrame fizeram-se sentir sobretudo a pesca costeira, em que a faturação de 2011 "foi menor" à registada em 2000.
"O tamanho da frota costeira diminuiu significativamente, assim como o número de pescadores. O mesmo aconteceu no marisco, como é o caso da produção de mexilhão, em que as perdas no período entre 2003 e 2010 chegaram a 45 milhões de euros", explicou Xaquin Rubido.
Fonte: SIC NOTÍCIAS
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