sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Unidade de perfuração encalha no Alasca


Um navio de perfuração de grande porte, pertencente à companhia de petróleo Shell, encalhou na costa do Alasca depois de perder o rumo sob uma tempestade, declararam o governo e funcionários da empresa.

Na tarde de segunda-feira, o Kulluk rompeu um de seus cabos de reboque e foi levado, em poucas horas, até as rochas que rodeiam a ilha Kodiak, onde bateu por volta das 9h, no horário local, disseram autoridades.

A tripulação de 18 membros foi evacuada pela guarda costeira na noite de sábado, por causa dos riscos da tempestade ainda em curso.

Não foi detectado derramamento de óleo e não há relatos de danos, mas o Kulluk tinha quase 600 mil litros de combustível a bordo, disse o comandante da guarda costeira Shane Montoya, líder da equipe de resgate.

Com ventos alcançando 96 quilometros por hora e um mar, no Golfo do Alaska, com ondas de até 12 metros, a equipe de resgate não foi capaz de evitar o encalhe, disse Montoya em entrevista coletiva na noite de segunda-feira, em Anchorage. "Estamos agora na fase de resgate e de reação a um possível vazamento de óleo".

O encalhe do Kulluk, uma embarcação cônica de quase 28 mil toneladas, projetada para perfuração no Ártico, é um duro golpe para o programa offshore da Shell no Alaska, orçado em 4,5 bilhões de dólares (cerca de R$9 bilhões). O plano da empresa em converter a área em uma nova e importante fronteira petrolífera alarmou ambientalistas e nativos do Alasca, mas entusiasmou os simpatizantes da indústria.

Ambientalistas e nativos adversários do plano dizem que o programa de perfuração ameaça uma região frágil, que já está sendo atingida por rápida mudança climática.

"A Shell e seus contratados não são páreo para o clima do Alasca e as condições do mar, seja durante as operações de perfuração ou durante a navegação", disse por email Lois Epstein, diretor do programa do Ártico para a Wilderness Society. "A custosa experiência da Shell com perfuração no Oceano Ártico precisa ser interrompida pelo governo federal ou pela própria Shell, dados os riscos inaceitavelmente altos que ela representa para os seres humanos e ao meio ambiente".

Os problemas do Kulluk começaram na sexta-feira, quando o navio de reboque da Shell, que navegava para o sul, sofreu uma falha mecânica e rompeu a conexão com o navio de perfuração. Esse navio, o Aivik, foi reconectado ao Kulluk na manhã de segunda-feira, ao mesmo tempo em que outro rebocador era enviado para o local pelo operador do Sistema de Oleodutos Trans Alaska. Mas o Aivik perdeu novamente a conexão com o Kulluk na tarde de segunda-feira, e sobrou à tripulação do rebocador tentar apenas guiar o navio de perfuração para uma posição em que, se encalhasse, “teria o mínimo de impacto no meio ambiente", disse Montoya.

Empresa nega riscos

A Shell usou o Kulluk em setembro e outubro para trabalhos de prospecção no mar de Beaufort. Quando os problemas começaram, ele estava sendo levado para Seattle, onde ficaria durante o período fora de estação.

Susan Childs, líder do grupo de emergências da Shell, sugeriu que um vazamento advindo do navio de quantidade de óleo significativa era improvável. "O projeto único do Kulluk inclui tanques de diesel isolados no centro da embarcação, envoltos em aço pesado", disse ela.

A Shell espera que o tempo melhore para começar uma avaliação completa do navio, disse ela. "Esperamos recuperar o Kulluk com danos mínimos ou nenhum dano para o meio ambiente".

O Kulluk foi construído em 1983 e havia planos para transformá-lo em sucata até que a Shell o comprou em 2005. Desde então, a empresa gastou 292 milhões de dólares (cerca de R$320 milhões) para reformar o navio.

A empreitada da Shell no Ártico tem sido atormentada por problemas. Em dezembro, um segundo navio de prospecção, o Discoverer, foi brevemente detido pela guarda costeira, em Seward, Alasca, devido a preocupações com segurança. Uma barcaça de contenção de óleo, obrigatória por lei, a Arctic Challenger, demorou meses para atender às exigências de navegabilidade da guarda costeira, e um acidente com outro navio causou danos a uma peça de equipamento crítica para conter vazamentos de poços de petróleo.

*Esse texto é uma tradução do original publicado no Guardian através da parceria de ((o))eco com a Guardian Environment Network. Tradução de Eduardo Pegurier

FONTE: O ECO

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