Em 16 anos de Plano Real, os peixes populares tiveram aumentos de preços que chegam a impressionantes 500%. Na semana passada o Dieese, divulgou que o litro do açaí ficou 600% mais caro neste mesmo período. Em análise semelhante, outro alimento que faz parte do cardápio do paraense está cada vez mais distante da mesa.
Em 1º de julho de 2010, o Real completou 16 anos. Durante este período, vários fatores alteraram a economia do país, entre eles a estabilização de preços em relação ao período anterior ao plano.
O balanço produzido pelo Dieese/Pa com a trajetória do preço do pescado comercializado em mercados municipais da Grande Belém, nos últimos 16 anos de Plano Real (Jul/94-Jun/10) mostra esta dura realidade. A conclusão é de que o pescado consumido pelos paraenses continua muito caro.
O Dieese/Pa acompanha a trajetória do Pescado comercializada na Grande Belém desde o inicio dos anos 80 com pesquisas semanais efetuadas em 10 mercados municipais, com levantamento de preços de 38 tipos de pescado mais consumidos pela população paraense, além dos preços médios do camarão regional e do caranguejo.
Gurijuba é a vilã dos preços altos
O pescado campeão dos reajustes foi a gurijuba com uma elevação de preço acumulada no período de 525% que por ironia é um pescado basicamente consumido pela população pobre. Em julho de 1994, um quilo da Gurijuba custava em média a R$ 1,20 em mercados municipais da Grande Belém. Em junho 2010, foi comercializada em media a R$ 7,50.
Bagre com reajuste acumulado de 506,06%; seguido pelo Cação com alta de 490%; Piramutaba com 407,07%; Dourada com 371,33%; Serra com 348,33%; Filhote com 345,49%; Tainha com 343,40%; Xareu com 329,31% e a Pescada Branca com crescimento acumulado no período de 264,38%.
A inflação calculada para o mesmo período está em 273% e a grande maioria dos salários (com exceção do mínimo) não subiram sequer próximo a estes patamares.
O Estado do Pará possui 1.248.042 km de território, portanto quase 15% de todo o território Brasileiro. São 512 Km de costa atlântica, somos responsáveis por quase 50% da produção pesqueira de toda a região Norte, esta produção gigantesca do Estado representa cerca de 20% de toda a produção nacional.
“Mesmo sendo o Pará um dos maiores produtores de pescado do país, o paraense continua pagando absurdamente caro por um quilo de pescado como está demonstrado neste trabalho efetuado pelo Dieese/Pa. E o que é pior, o maior peso desses aumentos recaiu sobre a população de menor poder aquisitivo”, critica Roberto Sena.
INFLAÇÃO
Vendido como “salvador da pátria”, o Plano Real prometia, entre outras coisas, o aumento do emprego, a melhora na condição de renda e de vida dos trabalhadores e a estabilização dos preços. “Hoje, 16 anos depois, a economia de fato se estabilizou só que o custo desta estabilização recaiu diretamente sobre a classe trabalhadora com a diminuição do emprego e com a queda no poder aquisitivo (estes dois itens só tiveram melhora a partir de 2003). Mesmo com a economia estabilizada, os preços continuaram subindo, só que em patamares bem menores daqueles observados até 1994 (início do Plano Real)”, analisa Roberto Sena, supervisor técnico do Dieese/PA.
Durante o 1º semestre de 1994, a inflação chegou a 80% ao mês, com os preços sendo reajustados praticamente toda hora. Hoje, a inflação mensal está em 0,5% e anual em torno de 5%. No entanto, nestes 16 anos de Real, um dos itens que impulsionaram a inflação foi o alto custo da alimentação, dados do Dieese mostraram esta situação.
No Pará, a situação não foi diferente do resto do Brasil. Entre os itens básicos da alimentação um dos maiores aumentos ocorridos nos últimos 16 anos de Real (Jul/94-Jun/10) foi no preço do pescado.
“A falta de uma política ‘macro’ para a pesca em todo o Estado durante décadas, fez com que o paraense tenha usufruído pouco da prerrogativa de ser o Estado do Pará um dos maiores produtores de Pescado em nível nacional”, aponta Roberto Sena, na pesquisa. Por ano, a produção paraense gira em torno de 180 mil toneladas.
É verdade que desde a Semana Santa deste ano, inclusive no mês de junho o preço do pescado tem caído nos mercados municipais da Grande Belém. Mesmo assim, o produto ainda continua muito caro. (As informações são do Dieese-PA)
FONTE: Diário do Pará
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