quinta-feira, 2 de junho de 2011

CE - Clima tenso na volta da pesca da lagosta


Pescadores artesanais de Icapuí denunciam que alguns grupos que usam equipamentos ilegais pescaram no defeso

Icapuí Hoje (01/06) é um dia de voltar à rotina: madrugar no mar, mergulhar manzuá e esperar que dali venham lagostas bem graúdas, porque por seis meses elas se reproduziram e ontem acabou o período do defeso. Hoje o dia seria tranquilo se o mais provável é que não se encontre lagosta como em outros anos, porque a pesca predatória tratou de trabalhar mesmo no período proibido. Pescadores artesanais de Icapuí denunciam que alguns grupos que usam equipamentos ilegais pescaram durante o defeso. Na semana passada teriam levado cerca de 12 toneladas do crustáceo para Recife. O Ibama apreendeu 450 quilos nos seis meses dado para reprodução. Além disso, centenas de barcos navegam hoje no mar sem licenciamento. A volta ao mar também é a retomada de infelizes capítulos no mar cearense: a guerra da lagosta.

Os pescadores de Icapuí vão embarcar bem receosos, mas não deveriam. Ir para o mar, passados seis meses do defeso da lagosta, é encontrar-se com a tradicional extensão de casa. É no mar que passarão o dia inteiro, hábito de gerações de pescadores. "Mas se a gente voltar pra casa quase de mãos abanando porque os viveiros naturais de lagosta foram invadidos pelos mergulhadores, a coisa não vai prestar", diz um pescador da Praia de Redonda, em Icapuí.

Rivalidade

O período de defeso também foi de cessar-fogo entre os rivais do mar, mas é com a volta desse clima de apreensão entre as partes que se inicia mais um capítulo dessa guerra no mar. No episódio anterior, a lagosta era prestigiada e apreciada num evento gastronômico dedicado a ela. No Festival da Lagosta, em novembro de 2010, a reafirmação do óbvio para quem vive naquelas bandas do litoral: esse crustáceo que alimenta o mundo nos restaurantes é o que alimenta milhares de famílias que vivem da pesca. E a captura predatória, que segue ininterrupta apesar da fiscalização, tem sido o principal fator de escassez logo no Estado que é o maior exportador e produtor brasileiro da lagosta.

Prova de que existiu a pesca no período do defeso é que o Ibama flagrou nove barcos desobedientes e recolheu 450 quilos de lagosta, principalmente do Litoral Oeste - Camocim, Acaraú, Itarema e Mundaú. Mas a batalha maior acontece no Litoral Leste, notadamente Icapuí.

Embarcações

De aproximadamente 280 embarcações de pesca da lagosta em Icapuí, só 145, aproximadamente, obtiveram a licença para ir ao mar pescar. Mas, segundo os próprios pescadores, não se deve achar que os não-licenciados ficarão de mãos abanando. "São muitas famílias que dependem dessa atividade, muitos pescam corretamente, da forma artesanal, que é sustentável, mas não possuem o documento de marinha, principalmente aqueles com barcos construídos de 2002 pra cá", explica Maurício Valente, da Associação de Monsenhor Diomedes, que reúne os moradores da vila praiana de Redonda, em Icapuí.

Ele denuncia que, durante todo o defeso, pescadores "predadores" continuaram pescando. Eles utilizam marambaias e mergulham utilizando compressores, proibidos por Lei. São também esses equipamentos, muito utilizados porque aumentam em até 20 vezes o volume de pescado, os principais responsáveis pela escassez da lagosta.

Fonte: Diário do Nordeste
Melquíades júnior
Colaborador

MAIS INFORMAÇÕES
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama)
Departamento de Fiscalização de Pesca
Telefone: (85) 3272.7370

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