quarta-feira, 22 de junho de 2011

O Panga invadiu o Brasil


Ao almoçar em Barra de Itabapoana (São Francisco de Itabapoana - RJ) na última sexta feira como faço uma vez por mês, a Dona Eugênia, que trabalha no simples e competente restaurante do Espanhol, além de nos ofereceu o habitual beijupirá, sarda, pescada, peroá, dentre outros citou um tal de "pango" que segundo ela era muito bom e parecia filé de pescada. De cara identifiquei que tratava do já popular panga (Pangasius hypophthalmus) facilmente encontrado nas gondolas dos supermecados brasileiros.

Mas até aqui em uma comunidade pesqueira, a beira da foz do Rio Itabapoana na fronteira dos estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo, e com uma frota pesqueira que abastece o local com a mais variada qualidade de pescados de rio, estuário e mar como os peixes citados acima? Como o panga consegue chegar em quantidade e preço competitivo, mesmo vindo do outro lado do mundo?


Desde 2009 quando o Panga (Pangasius hypophthalmus) desembarcou no Brasil foi gerada muita polêmica acerca deste pescado que chegou ao mercado brasileiro e pelo seu preço atrativo tomou a fatia do mercado de outros pescados importados, nacionais seja oriundos da pesca como e principalmente da aquicultura (Exemplo: em 2009 chegou 25% mais barato que a Merluza).

O Panga é cultivado há mais de mil anos no Rio Mekong, no Vietnã, um dos maiores rios do mundo, localizado no sudeste asiático. Há muitos anos, é exportado para mais de 240 nações, entre elas os Estados Unidos, todos os países da Comunidade Européia, Japão, Rússia, Austrália, entre outros.

Pangasius hypopthalamus é um Siluriformes que pertence à família Pangasidae com mais de 20 espécies diferentes e é popularmente chamado de “tubarão-bagre” por causa de suas acentuadas nadadeiras dorsais. Dois membros desta família podem ser cultivados, o Pangasius hypophthalmus (vietnamita: Tra) e o P. bocourti (vietnamita: Basa).

O mercado do panga no mundo já movimenta milhões e gera milhões de emprego, pelo menos no Vietnan, mas vem tirando muito o sono de aquicultores brasileiros de tilápia entre outros.

Abaixo vídeo de uma das maiores empresas de processamento de pescado mostrando todas as etapas do processamento, da despesca ao filé congelado e embalado pronto pra correr o mundo.


Desprovido de preconceito, mas sem querer entender a lógica que proporciona um peixe correr meio mundo e chegar mais barato que outro pescado a poucas milhas de distância, preferi comer meu beijupirá capturado na rede de emalhe por pescadores brasileiros. 

Mas o preço e oferta de pescados produzidos no Brasil conseguirão conter a entrada do Panga no mercado brasileiro?

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