quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Lagosta ganha sustentabilidade e melhor preço


Cerca de 400 famílias de pescadores são beneficiadas pela iniciativa, com o apoio do Governo Federal

Cascavel. Comercializar a lagosta ainda viva representa um preço mais elevado pelo produto e garante uma captura sustentável. Essa é a ideia que norteia o Projeto Lagosta Viva, que recebeu, ontem, a visita do ministro da Pesca e Aquicultura, Luiz Sérgio Nóbrega.

Ele veio conhecer a experiência de se comercializar a lagosta ainda viva, numa forma de favorecer a sustentabilidade da captura e criar mecanismos de comércio favorável para os pescadores artesanais. Os tanques estão instalados na Colônia Z-10, na Caponga.

Para Luiz Sérgio, ao se optar por esse modelo, a captura da lagosta praticamente exclui metodologias predatórias, como os mergulhadores e as caçoeiras, preservando as formas convencionais e que têm representado numa redução da oferta.

O ministro diz que há outros Municípios que também passaram a apostar na iniciativa. Citou, como exemplo, as localidades de Beberibe e Icapuí, no Ceará; Areia Branca, no Rio Grande do Norte e, em fase de implantação, Cabedelo, na Paraíba, e Porto de Galinha, em Pernambuco.

"São ações que já têm mudado a realidade de muitas famílias, que sobrevivem desse setor. Isso porque conseguem obter melhor preço, aproveitando não apenas cauda, mas também todo o corpo, e garantindo uma procedência relacionada à forma de captura e tamanho e peso ideal exigidos de forma legal", disse Luiz Sérgio.

Para o assessor técnico da Superintendência Federal da Pesca e Aquicultura no Ceará, Paulo Lira, os efeitos na economia do pescador artesanal são consideráveis.

Enquanto que na forma ainda predominante no mercado é adquirida apenas a cauda, o valor do quilo fica em torno de R$ 35,00 ao produtor. No caso da lagosta inteira, o custo sai por R$ 22,00 o quilo, mas deve-se levar em consideração que são necessários três espécimes inteiras para se obter um quilo de cauda. Com isso, o ganho fica acima dos 25%.

Paulo Lira diz que outro impacto importante é na diminuição da captura predatória. Como outras formas implicam na morte imediata, uma regulamentação para a comercialização do item somente vivo reduziria as práticas insustentáveis e que tanto têm sido responsáveis pela queda na oferta, quanto por conflitos no mar, entre aqueles que mantêm a pesca convencional no litoral cearense.

Modus Operandi

A experiência está longe de ser um cultivo em cativeiro. Paulo Lira diz que se trata apenas de um depósito temporário, no máximo de cinco dias, a fim de que seja favorecido o comércio. Também é um momento em que a espécie faz uma "limpeza" dos resíduos de alimentos. Com recursos do Governo Federal, foram construídos quatro tanques de fibra de vidro. Com recursos da Prefeitura criou-se um sistema de irrigação que traz a água diretamente do mar. Quando os pescadores chegam do mar com as lagostas, podem mantê-las vivas até a compra.

O prefeito de Cascavel, Décio Munhóz (PT), lembra que o projeto foi implantado em 2008, quando já eram notórios os conflitos com a pesca ilegal. No entanto, as ações foram emplacando em 2009, com a concessão do terreno e do imóvel. Em 2010, por conta da pouca produtividade, não houve a rentabilidade esperada para os pescadores locais.

No entanto, a face do negócio começou a mudar este ano. Segundo Décio, houve não apenas um aumento da adesão dos pescadores que compõem a Colônia Z-10, localizada na Caponga, como um estreito canal de vendas com os compradores, reduzindo de forma significativa a exploração que havia até então com a presença dos atravessadores. Também presente à visita do ministro, o secretário de Pesca e Aquicultura do Ceará, Flávio Bezerra, elogiou a iniciativa que vem sendo empreendida pelo Governo do Estado.

No entanto, reclamou da baixa produção. "Se hoje tivéssemos produção, todos esses tanques estariam cheios. Soube que aqui foram reunidas lagostas capturadas há mais de uma semana", disse.

Com isso, contraria a norma de que a presença no tanque deva ter um limite máximo de cinco dias. Flávio Bezerra também criticou a fiscalização federal pouco ostensiva no mar para coibir a pesca ilegal.

Fonte: Diário do Nordeste


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