quarta-feira, 22 de agosto de 2012
O fim do Exxon Valdez
O famoso navio que em 1989 protagonizou um dos maiores derrames de petróleo de sempre vai ser finalmente desmantelado.
Quando um tribunal indiano deu razão à empresa que o quer desmantelar em peças, ignorando os apelos dos ativistas que acreditam que a embarcação ainda contém materiais poluentes, quase ninguém dava por isso.
É que o Exxon Valdez mudou de nome seis vezes, tentando afastar as más memórias daquela madrugada de 24 de março de 1989, quando o comandante Joseph Hazelwood deixou o leme entregue a um marinheiro sem licença e este embateu num recife, ao largo da costa do Alaska. Muito se disse sobre o alegado estado de embriaguez do capitão, mas este sempre justificou que tinha saído durante apenas dez minutos para tratar de uns papéis. Certo é que foi absolvido em tribunal.
O navio foi construído em 1986, em San Diego, para transportar petróleo de Valdez, no Alaska, para as refinarias da Califórnia. Tinha o tamanho de três campos de futebol e, naquela noite, libertou quase 42 milhões de litros de óleo para o mar. Foi o pior derrame em águas norte-americanas até 2010, quando o Deepwater Horizon despejou o equivalente a um Exxon Valdez por cada cinco dias durante três meses no Golfo do México.
O resultado foi desastroso: morreram 250 mil aves, três mil lontras, 300 focas, 22 baleias, entre muitos outros milhares de animais. A pesca local ficou destruída, os pescadores ficaram sem trabalho e até um mayor local se suicidou.
Mas as consequências do Exxon Valdez também tiveram um lado positivo. Alertada pelo desastre ambiental, a administração norte-americana aprovou, em 1990, do Oil Pollution Act, que aumentou a penalização às companhias petrolíferas em caso de derrame, obrigou as empresas a definirem planos de emergência detalhados e melhorou a capacidade de resposta e financiamento dos governos.
Esta lei exigiu ainda aos petroleiros que tivessem casco duplo, o que não era o caso do Exxon Valdez, que se viu então obrigado a ir para a Europa. Chamou-se Exxon Mediterranean, SeaRiver Mediterranean, S/R Mediterranean e Mediterranean, até que, em 2002, a União Europeia também proibiu os petroleiros de casco simples.
O Exxon Valdez viajou então para a Ásia e, em 2007, já com o nome Dong Fang Ocean e sob uma bandeira do Panamá, deixou de transportar petróleo. Até que, em 2010, o azar voltou e a embarcação embateu contra o navio Aali, no Mar Amarelo. Ainda mudou de nome mais uma vez, para Oriental Nicety, mas o seu destino já estava traçado.
Segundo um artigo publicado na revista Nature, em 2011, o Oriental Nicety foi vendido por 16 milhões de dólares a uma companhia de demolição indiana, a Priya Blue Industries. Um grupo de ativistas ainda conseguiu atrasar o fim do Exxon Valdez durante dois meses, alegando que o seu desmantelamento iria libertar materiais poluentes.
O navio foi proibido de atracar e foi sujeito a uma auditoria ambiental. Em julho, o tribunal decidiu a favor da companhia: a embarcação não contém material tóxico e pode finalmente ser desmantelada.
O Exxon Valdez encontra-se no porto de Alang desde 2 de agosto e 500 trabalhadores vão desmantelá-lo, peça a peça, durante quatro meses, para que o metal possa ser reutilizado. Com melhor sorte, esperemos.
Fonte: TVi24 (Portugal)
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