sexta-feira, 24 de agosto de 2012
PE - Comitê pede proibição da pesca de arrasto para evitar ataques
Para cada quilo de camarão capturado com redes de arrasto são descartados mortos no mar ao menos nove quilos de peixes pequenos. Na opinião da nova presidente do Comitê Estadual de Monitoramento de Incidentes com Tubarões (Cemit), empossada ontem, os resíduos atraem cabeças-chatas e tigres, apontados como responsáveis pelos 55 ataques, com 20 mortes, ocorridos desde 1992 em Pernambuco.
“Por isso precisamos estender a área de proibição da atividade, hoje estabelecida em 1 para cinco milhas náuticas”, defendeu Rosângela Lessa. Na prática, a zona de exclusão da frotaroneira que usa essa técnica de pesca seria ampliada de 1,8 para nove quilômetros.
O pedido para estender a área de proibição da pesca de arrasto será encaminhado, mais uma vez, ao Ibama. A primeira solicitação, em 2007, foi indeferida. “Não estou dizendo que essa é a causa dos ataques, mas certamente é um dos fatores”, disse a presidente do Cemit, que pediu mais fiscalização do instituto.
O engenheiro de pesca do Ibama Euclides Dourado esclarece que as ações de fiscalização na costa ocorrem quando há denúncias. “Ao contrário da lagosta, em Pernambuco o camarão não tem período de defeso, quando a captura é proibida por conta da reprodução da espécie”, justifica.
Na solenidade de posse, à tarde, na Secretaria de Defesa Social, em Santo Amaro (área central do Recife), houve bate-bocas entre integrantes do Cemit e de entidades que defendem a pesca intensiva de tubarões no litoral pernambucano como forma de evitar ataques, como o Propesca e o P5.
Durante o encontro, Fábio Hazin e os representantes do Instituto Oceanário e do Projeto Praia Segura criticaram o Propesca, o P5 e a imprensa, que não tiveram a palavra franqueada para defesa. “A tese de subnotificação levantada recentemente pela imprensa não procede”, disse o presidente da ONG, Alexandre Carvalho.
É o instituto, segundo a secretária-executiva do Cemit, Claudia Matos, que elabora a lista das vítimas. De acordo com a Secretaria de Defesa Social, à qual o comitê é vinculado, a entidade recebeu, em 2010 e 2011, R$ 1 milhão por ano para atividades de educação ambiental e custeio de pesquisas realizadas pela UFRPE.
Para Rosângela Lessa, é preciso rever os critérios de contabilização dos ataques. “Sempre que existe dúvida as coisas podem ser rediscutidas.” Sobre os recursos destinados pelo Cemit, a oceanóloga sugere que sejam disponibilizados na internet. “É preciso colocar no site da SDS não só as atas das reuniões do Cemit, mas também os projetos aprovados e seus valores.”
PLACAS
Na reunião, o Corpo de Bombeiros anunciou a substituição das placas que indicam as áreas perigosas para banho no litoral do Grande Recife. “Usaremos mais imagens e menos textos”, adianta o diretor de Operações da corporação, Daniel Ferreira.
As novas placas, com previsão de serem instaladas até 2013, em função da Copa das Confederações, seguirão padronização internacional.
Leia aqui entrevista com Rosângela Lessa.
Fonte: Jornal do Comércio
Imagens: Google Imagens
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