Segundo estudo da ONU, uma das saídas estaria em uma mudança radical da dieta da população mundial
O uso de combustíveis fósseis e a agricultura são as atividades que causam maior impacto ambiental no mundo todo, segundo um estudo do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma).
Os próprios autores de "Impactos ambientais do consumo e produção: produtos e materiais prioritários" reconheceram que as conclusões do relatório são controversas e que eles mesmos ficaram surpresos com os resultados.
No entanto, asseguraram que os dados são irrefutáveis. "Fiquei surpreso. Mas quando se contempla a situação geral e se observa a fertilização excessiva, a mudança do uso da terra e da utilização de água se percebe facilmente que o impacto da agricultura é, na verdade, muito grande", afirmou o professor Edgar Hertwich, da Universidade da Noruega de Ciência e Tecnologia e principal autor da pesquisa.
O estudo foi preparado por 27 especialistas que constituem o Grupo Internacional para a Gestão Sustentável de Recursos e estabelece categorias sobre os produtos, materiais e atividades econômicas e sociais de acordo com seu impacto ambiental e sobre os recursos naturais.
Segundo os especialistas, os pontos prioritários para reduzir a pressão sobre o meio ambiente são a mudança climática, as remodelações de habitat, o desperdício de nitrogênio e fósforo, a exploração excessiva dos recursos pesqueiros e florestais, as espécies invasivas, a água potável entre outros.
Mas a parte mais controvertida do relatório está nas prioridades para mudar a situação atual. Para os pesquisadores, a humanidade tem que mudar radicalmente três aspectos: a forma como produz bens agrícolas, a utilização de combustíveis fósseis e a produção de materiais, especialmente plásticos, ferro, aço e alumínio.
No capítulo agrícola, eles consideram especialmente preocupante a produção de animais que são alimentados com mais da metade de todos as plantações mundiais. A produção agrícola representa 70% do consumo de água doce e 38% do uso total do território. A produção de alimentos é responsável por 19% das emissões mundiais de gases do efeito estufa, 60% da contaminação com fósforo e nitrogênio e 30% da contaminação tóxica na Europa.
Mudanças necessárias na alimentação
Sangwon Suh, outro dos autores do estudo e professor da Universidade da Califórnia em Santa Bárbara (EUA), ressaltou que o consumo de derivados de carnes está se transformando em um dos principais problemas ambientais da nossa civilização e advertiu que o relatório não analisa impactos futuros. "A população mundial está aumentando e cada vez está consumindo mais carne por pessoa. E isso é algo que não colocamos no relatório, mas que em 2050 terá implicações ambientais maiores ainda", disse Suh.
O cientista americano assinalou que, por exemplo, o consumo per capita de carne na China aumentou 42% entre 1995 e 2003. "E previsões recentes assinalam que nos próximos anos o consumo aumentará outros 30%. Na China se consomem 70 quilos de carne por pessoa ao ano. Nos Estados Unidos o número vai para 120 quilos, por isso que há muito espaço para que o consumo aumente em Pequim", explicou.
Embora os autores do relatório ressaltem que são os legisladores que têm que estudar os dados e colocar as soluções adequadas, disseram que esse problema tem que ser respondido com mudanças na gestão de recursos e dietas mais equilibradas.
"Um dos estudos assinala que há uma quantidade substancial de alimentos que são desperdiçados. E comer carne bovina tem um impacto mais elevado que consumir alternativas. Por exemplo, os frangos têm um impacto mais reduzido que as cabeças de gado", explicou Hertwich.
Outro dos problemas apontados são os "subsídios enormes" que os agricultores recebem para produzir seus alimentos, o que também provoca o desperdício de recursos. Por isso o relatório assinala que "uma redução substancial dos impactos só será possível com uma mudança substancial da dieta mundial que se afaste dos produtos animais".
Fonte: IG e EFE
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