segunda-feira, 22 de novembro de 2010

45% dos tubarões e arraias avaliados pelo ICMBio e IUCN correm risco de extinção

Brasília  – O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) promoveu entre os dias 7 e 12, em Brasília, a Oficina de Avaliação do Estado de Conservação das Espécies de Chondrichthyes (tubarões, arraias e quimeras) no Brasil. O evento, que terá uma segunda edição no próximo ano, contou com a parceria da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, na sigla e inglês) e da Gerência de Biodiversidade Aquática do Ministério do Meio Ambiente.

O objetivo foi avaliar os riscos de extinção de 78 das 178 espécies de tubarões, arraias e quimeras que ocorrem no Brasil. Participaram da oficina vários especialistas brasileiros, entre taxonomistas, ecólogos e biólogos pesqueiros, além de integrantes da Coordenação de Avaliação do Estado de Conservação da Biodiversidade (COABio/CGESP), do ICMBio. Os trabalhos tiveram o apoio de dois facilitadores da IUCN e dois do ICMBio.



Segundo Monica Peres, do Ibama, coordenadora de avaliações de peixes marinhos, 45% das espécies de tubarões e arraias foram avaliadas em alguma categoria de ameaça, sendo 23% consideradas criticamente ameaçadas, 6% em perigo e 15% vulneráveis. Além disso, uma espécie está regionalmente extinta no Brasil, 27% estão quase ameaçadas e 27% foram classificadas como dados insuficientes.

Essas avaliações ainda passarão por uma etapa de revisão cientifica ao serem publicadas na revista eletrônica do ICMBio, “Biodiversidade Brasileira”. Preocupados, os participantes da oficina elaboraram um documento solicitando a implementação de medidas de conservação para essas espécies. O documento foi entregue ao presidente do ICMBio, Rômulo Mello.

Os coordenadores desse grupo taxonômico, Patricia Charvet (Senai-PR), Ricardo Rosa (UFPB) e Rosangela Lessa (UFRPE), junto com Monica Peres (Ibama), continuarão o trabalho de articular os especialistas na compilação dos dados necessários para completar as avaliações na próxima oficina em 2011.

Os tubarões, arraias e quimeras, também conhecidos como Chondrichthyes, Elasmobrânquios ou peixes de couro, são peixes que tem esqueleto cartilaginoso e apresentam características biológicas, ecológicas e comportamentais muito diferentes dos peixes ósseos, ou peixes de escama.

Muitas dessas espécies tem vida longa, baixa fecundidade e baixa mortalidade natural. Por isso, a capacidade de reposição populacional é bastante reduzida. Somado ao fato de que muitas dessas espécies costumam agregar em épocas e locais definidos para a cópula ou para o parto e terem seus berçários em águas rasas, isso torna o grupo especialmente vulnerável a qualquer nível de intensidade de pesca, como foi confirmado pelas avaliações realizadas durante a oficina.

Os peixes incluem as classes Agnatha (peixes sem mandíbula), Ostheichthyes (peixes ósseos) e Chondrichthyes e são o grupo de vertebrados mais numeroso e mais diversificado, com mais de 40.000 espécies descritas no mundo. O Brasil abriga mais de 1.300 espécies de peixes marinhos e quase 4.000 espécies de peixes continentais.

Leia, na íntegra, documento final da oficina enviado ao MMA e ICMBio.

Fonte: Ascom/ICMBio
Imagem: Maurício Düppré

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