Angola tem uma zona económica exclusiva de 200 milhas marítimas com abundantes recursos, cuja exploração constitui grande fonte de receitas e garante, só na pesca artesanal, 46.700 empregos. Os pescadores têm um índice elevado de analfabetismo e estão distribuídos por 102 comunidades ao longo do litoral. A pesca artesanal, independentemente de ser uma actividade de subsistência precisa de apoios institucionais. Os constrangimentos que influenciam o baixo rendimento desses profissionais são o elevado índice de analfabetismo, falta de formação, inoperacionalidade da frota artesanal, falta de acessórios, vias de acesso degradadas, inexistência de pólos de assistência e manutenção técnica da frota, dificuldades de acesso ao crédito, altas taxas de juro, deficiente abastecimento de combustíveis e lubrificantes à frota, reduzidas infra-estruturas especializadas em terra, artefactos de pesca muito caros, gestão deficitária das cooperativas, reduzido número de pessoal qualificado. Estes problemas repercutem-se com rapidez e profundidade na vida dos pescadores. Mas estes profissionais ainda têm de enfrentar, muitas vezes, factores naturais adversos à actividade da pesca. O défice alimentar causada pela baixa produção e produtividade tem impacto negativo sobre o rendimento. Por isso é preciso apostar forte na formação profissional já que o índice de escolaridade é preocupante e cria dificuldades na gestão e na operacionalidade dos meios e equipamentos de pescas. Os pescadores também têm fraca capacidade de intervenção para melhorar as condições sanitárias nas zonas de embarque e desembarque de pescado. Por isso estão em permanente transgressão às normas elementares que garantem a saúde pública dos consumidores. O pescado é exposto ao sol nas praias e vendido sem as mínimas condições de higiene.
A aposta na formação dos pescadores é o melhor caminho para a redução da pobreza, porque transmite técnicas operacionais que estimulam a adesão dos jovens ao processo produtivo nas comunidades piscatórias. O sector da pesca artesanal, em função do seu potencial, oferece perspectivas excelentes caso seja aumentado o aumento de capturas. E oferece muitas oportunidades de emprego, se houver uma aposta na formação, na educação ambiental, nos cuidados primários de saúde e actividades económicas conexas.
Os pescadores são profissionais fortemente dependentes do mar e podem viver sobre vulnerabilidade social nos períodos de defeso ou de baixa captura. A falta de participação activa do pescador nas associações e cooperativas também influi nos seus rendimentos. Sem motivação não é possível planificar ou avaliar os resultados e desempenho de cada membro. É difícil distribuir tarefas e estruturar programas operacionais de frota e captura, introduzir métodos de gestão actualizados.
Apesar da existência de legislação sobre a constituição de cooperativas ainda não foram criadas condições para que os homens do mar adiram a essa forma de organização.
por Joaquim Xanana|
Fonte: Jornal de Angola
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