Apreciado pelos consumidores, o peixe é encontrado em todo o litoral brasileiro e também é opção para ser criado em açudes, lagos e represas de água docepor João Mathias | Consultor Vinicius Ronzani Cerqueira
Pesquisas realizadas ao longo dos últimos anos abriram a possibilidade de criação de robalo em cativeiro. As técnicas de reprodução, larvicultura e engorda estão hoje dominadas e permitem incluir a espécie entre as opções da piscicultura comercial. Resistente ao manejo, o robalo é muito versátil, com boa adaptação na fase da engorda a ambientes de água salobra, salgada ou doce.
Pertencentes ao gênero Centropomus, os robalos são peixes de escamas e de água salgada encontrados no litoral do continente americano. Mas eles também vivem em estuários, manguezais e em rios de água doce até vários quilômetros acima da foz, graças à tolerância a variações de salinidade no ambiente aquático. O robalo gosta de nadar em águas calmas, barrentas e sombreadas e de permanecer na parte mais funda do leito dos rios.
De sabor suave e de ótima qualidade, com bons índices de ácidos graxos ômega 3, a carne do robalo tem alto valor comercial e boa demanda no mercado. Branca e leve, a carne do peixe já fazia parte da dieta dos romanos há muitos séculos.
De corpo alongado e comprimido, conferindo-lhe um nado rápido, o robalo se alimenta de crustáceos, como camarões e caranguejos, e de pequenos peixes. No ambiente natural, vive em grandes cardumes quando jovem, mas torna-se solitário ao atingir a idade adulta, formando grupos apenas no período de reprodução. Predador, ataca as presas com voracidade e, por isso, é apreciado na pesca esportiva.
Em criações cujo objetivo é a engorda de alevinos, a dica é deixar a fase de reprodução aos cuidados de especialistas. O processo é complicado e exige experiência e habilidade para lidar com a indução de hormônios nas matrizes.
Onde adquirir: produtores comerciais – Danúbio Aquacultura Ltda., Balneário de Camboriú, SC,sergio@danubioaqua.com.br; e Maricultura Pandini Ltda., São Mateus, ES, juliopandini@hotmail.com; instituições de pesquisa – Laboratório de Piscicultura Marinha, Departamento de Aquicultura do Centro de Ciências Agrárias (CCA), da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Florianópolis, SC, tel. (48) 3721-5404, cca@cca.ufsc.br; e Centro de Produção e Propagação de Organismos Marinhos, da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (CPPOM-PUCPR), Guaratuba, PR, tel. (41) 3442-1160, ana@baldan.pucpr.br
Mais informações: Cerqueira, V. R. Cultivo do robalo-peva, Centropomus parallelus. In: Baldisserotto, B.; Gomes, L. C. (Org.). Espécies nativas para piscicultura no Brasil. Editora da UFSM, Santa Maria, 2005, v. 1, p. 403-431.www.ufsm.br/editora
MÃOS À OBRA
INÍCIO: Dois tipos de robalo destacam-se aqui: o flecha (Centropomus undecimalis), que atinge no máximo 1,2 metro de comprimento e peso de 25 quilos, com reflexos esverdeados e ventre esbranquiçado; e o robalo-peva (Centropomus paralellus), que chega a 50 centímetros de comprimento e cinco quilos, apresentando o dorso cinza-esverdeado e os flancos prateados. O peva é a espécie sobre a qual há mais conhecimento à disposição para criação e produção de alevinos.
AMBIENTE: Bastante resistente, o robalo tolera grande variação de temperatura, em uma faixa que pode ir de 10 ºC a 35 ºC. Mas, abaixo de 20 ºC, ele come e cresce muito pouco. A água deve ser limpa e de boa qualidade, com pH entre 7 e 9, para ficar próximo ao pH do mar, que é 8. Também deve ser bem oxigenada, com aproximadamente dois a cinco miligramas de oxigênio por litro.
ESTRUTURA: A criação pode ser manejada em tanques escavados, açudes e represas. Ainda podem ser usados tanques de concreto, lona e fibra de vidro. Em locais com boa profundidade, uma opção são os tanques-redes, com pelo menos três metros, e o tanque-berçário, com um metro. É importante certificar-se de que o tamanho da malha não deixará o peixe preso, pois o robalo tem a cabeça em ponta, enroscando-se com facilidade na rede. Se a área for muito grande, é melhor manter os peixes concentrados em um cercado por um a três meses, fornecendo alimentação, para que se acostumem ao ambiente. Ao liberá-los, não deve haver predadores maiores que o robalo no local.
ALIMENTAÇÃO: Camarões e pequenos peixes são os alimentos preferidos do robalo, que é um predador voraz. À medida que cresce, a tendência é o robalo se tornar mais piscívoro, comendo mais peixes. No mar, ele se alimenta de sardinha, tainha, peixe-rei, entre outros. Em água doce, prefere lambaris, barrigudinhos e até girinos. Em criação intensiva, são usadas rações formuladas para carnívoros, como truta ou beijupirá.
REPRODUÇÃO: O robalo macho atinge a maturidade sexual aos 2 anos de idade, e as fêmeas aos três anos. A desova ocorre exclusivamente no verão, em regiões mais frias, e durante quase todo o ano em locais mais quentes. O processo de reprodução é feito pela indução com hormônios. Em laboratórios, onde se faz um rígido controle ambiental, é possível produzir juvenis na maior parte do ano.
RAIO X
CRIAÇÃO MÍNIMA: uma centena de peixes para sistema extensivo em açude e alguns milhares para cultivo em tanques-redes
CUSTO: de R$ 1 mil a R$ 2 mil o milheiro
RETORNO: a partir de um ano e meio
REPRODUÇÃO: nos meses mais quentes na maior parte do país
Fonte: Globo Rural
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