A cena desoladora denunciava que havia algum problema na Lagoa Manguaba na última sexta-feira. Pescadores sentados à margem da lagoa lamentavam a perda de 30 toneladas de peixe devido a despejos de poluentes, como sulfetos e gases tóxicos que podiam ser oriundos da decomposição de matéria orgânica, como o gás sulfídrico - H2S. 30 mil quilos de peixe das mais variadas espécies como bagre, tainha, camurim, tinga e crustáceos como siri e camarão foram encontrados mortos na última segunda-feira e logo denunciado ao Instituto do Meio Ambiente de Alagoas (IMA/AL).
Segundo o presidente da Colônia dos Pescadores de Marechal Deodoro (Z-16), Jailson da Silva Santos, os dejetos despejados na lagoa vêm da Usina Sumaúma, bem próxima dali. “Quando chove nossa sobrevivência vai por água abaixo literalmente. Mais de sete mil pescadores entre Marechal Deodoro e Pilar passam necessidade em aproximadamente seis meses até a recomposição dos peixes. O veneno que a usina utiliza é prejudicial à lagoa e vem a matar os peixes, entre outros, junto com os esgotos que são jogados nela”, revelou.
Seu José Benedito da Silva estava na lagoa desde às 4 horas da madruga, e, até 18 horas, momento em que a reportagem conseguiu conversar com ele, fez questão de mostrar o que tinha pescado em 12 horas dentro da água.
“Olha aqui, são pouco mais de cinco camarões; os peixes foram embora, sumiram, morreram em razão da inconsequência de usineiros que só visam o lucro, não pensam nos pescadores e nem tão pouco no meio ambiente”, desabafou.
O forte odor ainda estava no ar por conta da mudança dos ventos que pode ter provocado o fluxo de gases originados da decomposicão da matéria orgânica. De acordo com o diretor técnico do IMA, Ricardo César, foi coletado amostras na terça e sexta-feira últimas para saber os motivos reais da mortandade. “Mas é importante considerar que há presença de matéria orgânica sedimentada e que a mesma pode ter sido remexida com as chuvas dos últimos dias. Além disso, a mudança dos ventos pode ter provocado mudança no fluxo dos gases oriundos da decomposição dessa matéria orgânica, visto o forte odor encontrado no local”, explicou.
O pescador Erivaldo de Araújo Bezerra frisou que só não passa fome neste período em que virou rotina a perda de peixes por conta do Programa Bolsa Família e com ele que a sua família sobrevive na época do inverno quando é registrado estas ocorrências. “Acompanhamos a equipe do IMA e durante a coleta foi detectado em alguns pontos da Lagoa Manguaba apenas 1% de oxigênio. Qual é o peixe que vai sobreviver a isto”, indagou o presidente da Colônia dos Pescadores, acrescentando: “o peixe vem para a beira da lagoa querendo tentar sobreviver no seco, é lamentável”.
Fonte: Tribuna Hoje
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