Projeto encontra na região quatro espécies desconhecidas
por Cláudio Motta claudio.motta@oglobo.com.br
Quatro espécies inéditas de peixes foram descobertas na Bacia de Campos (A região de maior produção de petróleo e gás natural do Brasil) por pesquisadores do Projeto Habitats. Como nunca foram descritos por cientistas, os peixes ainda não estão catalogados e, portanto, não têm nome. O estudo observou também 22 espécies cuja presença na região não era conhecida. Cinco delas representam novas ocorrências para o Brasil, como a Acanthocaenus luetkenii e a Rhinochimaera atlantica (Quimera de focinho longo).
O Habitats faz parte do Projeto de Caracterização Ambiental Regional da Bacia de Campos, cujo relatório foi entregue ao Ibama na semana passada. As pesquisas começaram em 2007 e são patrocinadas pela Petrobras, que investiu R$40 milhões para os estudos em uma área de cem quilômetros quadrados. As informações levantadas permitirão conhecer melhor e monitorar os impactos ambientais na região. O coordenador geral de Petróleo e Gás do Ibama, Cristiano Vilardo, explica que o investimento faz parte de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), como parte do processo de licenciamento da empresa estatal.
- O estudo é absolutamente inovador e produziu uma grande fotografia da Bacia de Campos. Além das quatro novas espécies de peixes, deve haver ainda mais de microorganismos. Ter informações confiáveis é fundamental para saber os impactos da atividade petrolífera. Entendendo melhor o ambiente, conseguiremos traçar estratégias diferenciadas, inclusive a criação de unidades de conservação - disse.
O Ibama deverá publicar todo o estudo, que é georreferenciado. Para pesquisadores, mais importante do que descobrir peixes novos é saber o comportamento das comunidades do local, que são interdependentes e fazem parte de cadeias alimentares.
- No caso dos peixes, a Bacia de Campos é ocupada por diferentes comunidades. Pelo menos cinco são bastante distintas. Então, deveremos representar as cinco comunidades para preservar a biodiversidade local. Não apenas visando ao agrupamento de espécies, mas também preservando toda a cadeia alimentar. Ou seja, a relação entre predador e presa - comentou Paulo Costa, especialista em peixes de oceano profundo, professor da UniRio e coordenador do levantamento de peixes do Projeto Habitats.
São tantas as informações que deverá ser preciso mais um ano para analisá-las. O segundo passo será integrar todos os dados e, por fim, gerar planos de monitoramento ambiental, cuja implantação ainda está sendo negociada entre o Ibama e a Petrobras.
- Fizemos a caracterização ambiental de uma região. Assim, teremos como escolher indicadores ambientais para avaliar se houve impacto ambiental ou não - disse Anna Maria Scofano, oceanógrafa da Petrobras.
Fonte: O GLOBO
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