Uma espécie de ostra ornamental originária da região do Indo-Pacífico começa a ser reproduzida na Universidade de São Paulo (USP) por um método inédito. Após estudar a anatomia do bivalve, os cientistas encontraram o ponto anatômico ideal para a aplicação de uma injeção de serotonina – composto neurotransmissor -, informou a Agência USP.
“A substância relaxa a musculatura do animal e estimula a desova”, explica o oceanógrafo Marcello Scozzafave, um dos integrantes do grupo que vem estudando o sistema reprodutivo da ostra, cujo nome científico é Tridacna maxima.
Até o momento, os pesquisadores conseguiram atingir 90% do ciclo larval da ostra, desde a produção de gametas (células sexuais) até o último estágio larval. Miguel Mies, estudante que integra o grupo, explica que este método de indução à desova já foi reproduzido por pelo menos 30 vezes no Laboratório de Aquicultura do Instituto Oceanográfico da USP.
Ele conta que a primeira fase do ciclo reprodutivo ocorre cerca de 15 horas após a injeção da substância e a fecundação. “Esta fase é denominada trocófora. A segunda fase, chamada véliger, acontece cerca de 24 horas após a fecundação”, descreve. Os cientistas atingiram a terceira fase do processo, o pediveliger, que ocorre cerca de sete dias depois da fecundação.
Mies conta que após 15 dias, a Tridacna já atinge o formato de uma ostra adulta, mas ainda pouco visível a olho nu. “Com uma lupa é possível visualizar o animal. Neste estágio ele possui um tamanho pouco maior do que um grão de areia, mas suas formas já estão bem definidas”, conta.
“Ao todo, o ciclo de vida desta espécie de ostra pode chegar até mais de 50 anos”, ressalta o estudante.
Objeto de desejo – As Tridacnas adultas chegam a custar no mercado nacional entre R$ 1 mil e R$ 2 mil, dependendo de seu tamanho e coloração. “Na Indonésia chegam a custar US$ 10, e nos Estados Unidos, entre US$ 40 e US$ 50″, compara Mies.
Segundo ele, por ser um ornamento raro, alguns colecionadores chegam a pagar valores ainda mais altos. “Sabe-se que um empresário brasileiro chegou a pagar cerca de R$ 12 mil por uma destas”, conta o pesquisador, lembrando que, em seu ambiente natural, a espécie Tridacna gigas pode atingir 1,2 m de tamanho.
Fonte: Portal Terra
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