O projeto de recuperação na área do Parque Nacional Cabo Pulmo, no Estado da Baja Califórnia, foi fruto do entusiasmo e dedicação da população local que, incomodada pela devastação do ecossistema, estabeleceu o parque em 1995 e desde então se dedica a protegê-lo.
"As mudanças mais importantes que observamos é que o número de espécies no parque quase duplicou, e o número de indivíduos e seu tamanho, que em conjunto são os quilos de peixes, aumentaram mais de 460%", disse à BBC o biólogo marinho Octavio Aburto-Oropeza, do Instituto Scripps.
"Em apenas uma década, o parque ganhou cerca de 3,5 toneladas por hectare", afirmou.
Segundo o pesquisador, a população da região de Cabo Pulmo decidiu interromper a atividade pesqueira em 1995, e desde então virou o seu “guardião”.
"Pediram ao governo que declarasse a área como Parque Nacional, e eles mesmos se dedicam a vigiá-lo, cuidar dele em muitos aspectos, principalmente na redução da contaminação e da proteção de espécies em perigo, como as tartarugas marinhas", disse.
Experiência inspiradora
Cabo Pulmo tem 71 km quadrados e é quase 70 vezes maior que a maioria das reservas estudadas até hoje.
Entre as espécies mais comuns na área estão a garopa do golfo (Mycteroperca jordani), garopa sardineira (Mycteroperca rosacea), pargo cinza (Lutjanus novemfasciatus), pargo amarelo (Lutjanus argentiventris) e cavalinha (Seriola lalandi).
Para os autores do estudo, publicado no site de artigos científicos PLoS One (Public Library of Sciences) , a experiência da reserva é "comovente".
"É surpreendente que as comunidades de peixes em um recife superexplorado possam se recuperar até chegar a níveis comparáveis com os de recifes remotos, lugares prístinos onde nunca ocorreu a pesca humana", avaliou Aburto-Oropeza.
Para o especialista mexicano, o projeto mexicano ensina que o sucesso de projetos de proteção de áreas marinhas começa com a participação e a liderança das comunidades locais.
Aburto-Oropeza diz que a criação de áreas marinhas ao largo da costa mexicana, ou em qualquer região costeira do mundo, pode “elevar significativamente a produtividade dos oceanos, o que pode gerar benefícios econômicos para as comunidades costeiras”.
Por último, avalia, é importante divulgar a experiência de Cabo Pulmo para interessados em outras partes do mundo.
"Poucos legisladores no mundo estão conscientes de que o tamanho e a abundância dos peixes pode aumentar extraordinariamente em muito pouco tempo, a partir do momento em que se estabelece a proteção ambiental e se cria uma reserva marinha", defende.
"Divulgar o que ocorreu em Cabo Pulmo contribuirá para os esforços de conservação dos ecossistemas marinhos e a recuperação das economias costeiras."
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