Pescadores artesanais do litoral receberam do Ministério da Pesca e Aquicultura as primeiras autorizações de uso das águas sob domínio da União para o desenvolvimento de projetos sustentáveis de cultivo de ostras. A nova atividade representa uma alternativa de geração de renda para famílias que vivem da pesca artesanal e encontram-se em situação de vulnerabilidade social e econômica por causa da redução dos estoques de pescado.
Serão beneficiadas 101 famílias que participarão de 11 projetos em Guaratuba, Paranaguá, Pontal do Paraná e Guaraqueçaba.
– Cinco profissionais já foram contratados para atendimento em tempo integral aos pescadores – informou o superintende do Ministério da Pesca e Aquicultura para o Paraná, José Wigineski.
Os projetos, realizados com apoio do Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater), do Instituto Ambiental do Paraná e da Secretaria de Estado da Ciência e Tecnologia, foram dimensionados para garantir aos pescadores uma renda média mensal de dois salários mínimos nacionais, informou o coordenador estadual do projeto Aquicultura e Pesca da Emater, Luiz Danilo Muehlmann.
– Cada família está recebendo autorização para ocupar 1,6 mil metros quadrados de lâmina de água, 200 metros quadrados com cultivo efetivo e 1,4 mil metros quadrados considerados área de diluição. A produção de cada família deve chegar a 3,5 mil dúzias de ostras por ano – informa.
Embora os projetos estabeleçam metas econômicas, sociais e ambientais, o objetivo principal é o desenvolvimento tecnológico. A contrapartida das famílias atendidas será o fornecimento dos dados indicadores coletados e auferidos junto com técnicos da Emater.
– A temperatura, transparência, pH e salinidade da água serão medidos diariamente, além de dados relativos à mão de obra, receitas e despesas das criações – explica Muehlmann.
O pescador Hamilton de Moura Kirchner, presidente da Associação Água Mar, em Guaratuba, trabalha na atividade há 15 anos, com a mãe, esposa e dois irmãos. Um dos pioneiros na criação de ostras no Litoral, ele foi um dos beneficiados.
– Com certeza agora seremos tratados com mais dignidade, considerados trabalhadores do mar. Teremos acesso ao crédito e um controle maior sobre a área que usamos para o cultivo – diz.
Pesca artesanal
O Litoral paranaense tem cerca de seis mil pescadores, a maioria vivendo da pesca artesanal. A Emater atende em torno de 1,5 mil por ano, com visitas e eventos técnicos. Segundo Astrogildo José Gomes de Melo, engenheiro de pesca da Emater em Paranaguá, todas as famílias hoje vivem em situação de vulnerabilidade social e econômica porque os estoques de pescado estão no limite.
– É urgente a busca de alternativas de geração de renda, a exemplo do cultivo de ostras. Hoje a obtenção da receita dos pescadores depende da localização dos cardumes, do tempo, das condições do mar. Quando este trabalhador entra para a maricultura, deixa de ser um aventureiro e se torna gerente de sua própria atividade, capaz de programar o seu rendimento – resume Astrogildo.
E como o sucesso da criação de ostras depende da boa condição ambiental, o maricultor passa a ser um fiscal da sociedade, prevenindo e denunciando os casos de poluição do meio ambiente.
Fonte: Canal Rural
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